Fim da Cristandade Sob o Julgamento de Deus
Vs. 14-16 – Judas então
traz a profecia de Enoque para mostrar que o Senhor não permitirá que essa
corrupção associada ao Seu nome (quanto ao testemunho) continue
indefinidamente. Cristo intervirá em julgamento da maneira mais decidida.
Assim, o testemunho Cristão não verá restauração, porém o seu fim será o julgamento. Ele diz: “E destes profetizou
também Enoque, o sétimo depois de Adão, dizendo: Eis que é vindo o Senhor com
milhares de Seus santos, para fazer juízo contra todos e condenar dentre eles
todos os ímpios, por todas as suas obras de impiedade que impiamente cometeram
e por todas as duras palavras que ímpios pecadores disseram contra Ele. Estes
são murmuradores, queixosos da sua sorte, andando segundo as suas
concupiscências, e cuja boca diz coisas mui arrogantes, admirando as pessoas
por causa do interesse”. Se
tivéssemos apenas o Velho Testamento, nunca teríamos conhecido essa primeira de
todas as profecias, pois não há menção dela ali (Gn 5:21-23). Tudo o que saberíamos
sobre Enoque é que era um homem que andava com Deus e que isso agradava a Deus,
e que ele foi levado para o céu sem ver a morte (Hb 11:5). Mas desta epístola,
aprendemos que ele também era um profeta. Judas identifica-o como “o sétimo
(sétima geração) depois de Adão” para distingui-lo do ímpio Enoque na
família de Caim (Gn 4:17-18).
Enoque proferiu essa
profecia cerca de 4.500 anos atrás! O ponto central disso é a vinda do Senhor –
Sua Aparição. Muitos outros profetas falaram deste evento também (Is 30:27-28; Zc
14:5; Mt 16:27, 24:27-30; 1 Ts 3:13, 4:14, 5:2; 2 Ts 1:7-9, 2:8; 2 Tm 4:1; Ap 1:7,
19:11-21). O que é tão solene em conexão com a vinda de Cristo para julgar a
massa de apóstatas na Cristandade é que uma vez que a profissão Cristã tem sido
privilegiada por ter a mais alta verdade confiada a ela (a verdade do
Mistério), aqueles que apostatarem dela terão o maior julgamento! (Lc 12:46-48)
O Senhor ensinou que os
falsos mestres que estiverem vivos na Terra quando Ele aparecer, serão levados
pelos anjos e lançados vivos no lago de fogo! (Mt 13:37-42, 22:13, 24:37-41)
Eles não serão mortos e, portanto, não comparecerão diante do
grande trono branco, que é um julgamento dos mortos iníquos (Ap 20:11-15).
Estes ficarão face a face com o Próprio Juiz quando Ele aparecer, e não
necessitarão de mais exame ou prova de sua maldade. Seu olho, que tudo vê, viu
todas as suas “obras” ímpias e Seus ouvidos ouviram suas “duras
palavras”. Assim, não somente a verdadeira Igreja na Terra será tirada
daqui no Arrebatamento sem ver a morte, mas a falsa igreja (aqueles que
estiverem vivos em Sua Aparição) também serão tirados da Terra sem ver a morte
física. Mas quão grande será a diferença – entre o céu e o inferno!
Judas usa a palavra “condenar
[convencer – TB]” aqui em conexão com o
julgamento dessas pessoas ímpias. J. N. Darby diz que é uma palavra difícil (“elenko”) para traduzir (Jo 3:20 – nota
de rodapé[1]).
Tem o pensamento de reprovação por mostrar ou expor publicamente a falha de uma
pessoa. W. E. Vine sugere que isso tem a ver com envergonhar a pessoa
condenada. Tal será o caso neste julgamento. Esses apóstatas (os líderes
religiosos em particular) têm falado coisas duras e injuriosas sobre Cristo e
quanto à Sua Pessoa e Sua obra em seus ensinamentos teológicos, mas naquele
dia, serão publicamente envergonhados e julgados da maneira mais humilhante – eles
serão tomados pelos anjos como impostores e lançados vivos no inferno.
V. 16 – Esses homens
(particularmente os líderes) são expostos como sendo dirigidos por motivações
carnais e egoísmo. Eles falam “coisas mui arrogantes” de lisonja para afagar
o ego de pessoas de riqueza e de alta posição na sociedade, com motivos de “interesse”
pessoal (obter vantagens). Tal é o caminho do homem do mundo, mas tudo vai
parar subitamente quando o Senhor intervier em julgamento.
[1]
N. do T.: A nota de rodapé “d” da tradução J. N. Darby em João 3:20,
diz: “Elenko” para mostrar o verdadeiro caráter de algo, assim como convencer,
e consequentemente, reprovar por mostrar a falha do homem. É usada em João 8:46
como “convence”; em João 16:8 como “trazer demonstração”; em Efésios 5:11, 13
como ‘reprovar e expor’.