A Presença e Atividade dos Mestres Anticristãos
V. 7 – João então dá a
razão pela qual andar em verdade e amor é tão importante – havia muitos falsos
mestres em atividade que estavam levando os crentes não firmes a se desviarem.
Ele diz: “Porque já muitos enganadores entraram no mundo, os quais não
confessam que Jesus Cristo veio em carne. Este tal é o enganador e o anticristo”.
Assim, João informa à senhora eleita a presença e a atividade desses mestres anticristãos.
Ele sabia que a única maneira pela qual ela seria capaz de resistir aos
esforços do inimigo de fazê-la desviar seguindo a falsidade, seria estar
fundamentada na verdade e andando em amor e obediência.
Esses homens “entraram
no mundo [têm saído pelo mundo
fora – ARA]” posando como missionários Cristãos, mas,
infelizmente, eles estavam espalhando falsa doutrina. Estando sob a influência
dos poderes das trevas, eles foram realmente anunciadores da doutrina do mal
que minou os fundamentos da fé Cristã – especialmente em conexão com a Pessoa
de Cristo. Eles alegavam ter uma nova e maior luz do que a que os apóstolos
tinham entregado aos santos, mas na verdade eles negavam a luz. João disse que
eles não confessam “que Jesus Cristo
veio em carne”. Como vimos em 1 João 4:2-3, negar que Jesus Cristo tenha
vindo “em carne” mostra que eles negavam Sua Deidade e Sua Humanidade. O
fato de que Ele veio “em carne” mostra que verdadeiramente Ele era um Homem
real, e o fato de que Ele “veio”, mostra que Ele já existia antes de ser
manifestado em Sua Humanidade; assim, Ele é uma Pessoa divina e eterna.
V. 8 – Desde que havia
este perigo muito presente à espreita, João diz: “Olhai por vós mesmos, para
que não percamos o que temos ganhado; antes, recebamos o inteiro galardão”. Ele queria a senhora eleita e seus
filhos permanecendo em pé e firmes na verdade para que ela – e João e aqueles
que trabalharam com Ele – não perdessem sua recompensa. Desviar-se seguindo
após essas blasfêmias significaria a perda de nossa coroa no dia vindouro (Ap
3:11). Esta é uma boa atitude para todos os que se ocupam em palavra e
doutrina. Se os santos a quem ministramos a Palavra não prosseguirem na
verdade, não podemos esperar receber um “inteiro” galardão naquele dia.
V. 9 – No estilo
abstrato típico de João, ele afirma com naturalidade: “Todo aquele que
prevarica [ultrapassa
– ARA] e não persevera [permanece
– ARA] na doutrina de Cristo não tem
a Deus”. Se uma pessoa não retém a verdade concernente à Pessoa de
Cristo, ele se expõe como não tendo nenhum relacionamento com Deus. Um falso mestre
pode professar conhecer a Deus, mas João diz que, se ele tem uma doutrina
heterodoxa quanto à Pessoa de Cristo, ele “não tem a Deus”. Em outras
palavras, ele não é sequer crente. (João não está levando em consideração o
fato de que pode haver um verdadeiro crente em algum lugar que seja ignorante
em algum ponto da doutrina e que precise de correção).
Ultrapassar da maneira
como João fala aqui é ir além dos limites da revelação Cristã introduzindo
noções inéditas e místicas que negam a verdade. Isto é o que marca os cultos na
Cristandade. Eles podem alegar ter uma luz nova e mais clara, além daquilo que
o Cristianismo ortodoxo nos trouxe, mas o que realmente temos é o erro disfarçado
para se mostrar como verdade. Adequadamente, João os chama de “enganadores” (v.
7). Transgredir dessa maneira é uma das duas armadilhas nas quais
crentes meramente professos caem, porque não têm vida divina. Essas são:
- Voltar atrás em apostasia da fé que uma vez foi dada aos santos (Hb 10:39; Jd 3).
- Ir além dos limites da revelação Cristã para o misticismo que muitas vezes resulta em desonra à Pessoa de Cristo (2 Jo 9).
Esses dois perigos são
como valas de ambos os lados da estrada onde apenas crentes professos, cedo ou
tarde, caem. No sentido em que João vê essas coisas, os verdadeiros crentes não
farão nenhuma dessas coisas. Mas eles podem ser levados “juntamente” com
a corrente da apostasia e começar a desistir de certos princípios e práticas
que eles já mantiveram (2 Pe 3:17). Eles também podem permitir que suas mentes
corram sem restrições em uma linha mística de pensamento, e especular sobre
assuntos divinos, mas nunca irão tão longe a ponto de negar a doutrina de
Cristo.
Por
outro lado, João diz: “quem persevera na doutrina de Cristo, esse tem tanto ao
Pai como ao Filho”. Assim,
se um homem é firme na sã doutrina a respeito da Pessoa de Cristo, é um sinal
de que ele é verdadeiro.