domingo, 20 de outubro de 2019

A Necessidade de Batalhar pela Fé


A Necessidade de Batalhar pela Fé

V. 3 – Estava no coração de Judas escrever sobre o assunto da salvação que é a possessão comum de todos os Cristãos, mas o Espírito Santo o obrigou a exortar os santos a batalhar pela verdade que estava sendo minada por homens perversos. Ele diz: “Amados, procurando eu escrever-vos com toda a diligência acerca da comum salvação, tive por necessidade escrever-vos e exortar-vos a batalhar pela fé que uma vez [que de uma vez para sempre – AIBB] foi dada aos santos”. “A fé” à qual Judas se refere aqui é a revelação da verdade Cristã. Normalmente, quando a palavra “fé” é usada na Escritura sem o artigo definido “a” precedendo-a, está falando da energia interior da alma em confiança em Deus (Ef 2:8, etc.). Mas quando “fé” é usada com o artigo, como aqui em nosso texto (“batalhar pela fé”), está se referindo ao precioso depósito da verdade que Deus nos deu – o corpo do conhecimento Cristão.
A exortação simples, mas importante, de Judas é que precisamos nos manter firmes pela verdade, sem comprometê-la. Como Sama, defendendo o campo das lentilhas contra os filisteus (2 Sm 23:11-12), não devemos desistir de um pingo sequer da verdade para o inimigo. Não devemos renunciá-la ou vendê-la (Pv 23:23), mas guardá-la, como Paulo exortou a Timóteo: “Guarda o bom depósito pelo Espírito Santo que habita em nós” (2 Tm 1:14).
Devemos batalhar “diligentemente” (ARA) pela fé, primeiro conhecendo a verdade e depois caminhando nela. Não podemos defender a verdade se não dedicarmos nosso tempo para aprendê-la. Alguns têm grande devoção de coração a Cristo, e isso é louvável, mas, infelizmente, carecem de instrução na verdade. Consequentemente, ao desejarem ser fiéis, eles às vezes se apegam ao erro ignorantemente e o defendem com valentia, achando que é a verdade. Mas esse tipo de energia mal dirigida só aumenta a confusão no testemunho Cristão (Veja João 16:2). Portanto, devemos dar a devida diligência para aprender a verdade (1 Tm 4:6; 2 Tm 2:15) e buscar a graça de Deus para andar nela (3 Jo 3).
Batalhar diligentemente pela fé não é ficar discutindo pela causa da verdade. Existe algo como fazer a coisa certa da maneira errada. Estar certo em algum ponto da verdade não torna o litígio e a contenda aceitáveis. Paulo avisou Timóteo sobre isso, afirmando que não deveria haver “contendas de palavras, que para nada aproveitam” (2 Tm 2:14). Como já mencionamos, devemos guardar o bom depósito da verdade “pelo Espírito Santo” (2 Tm 1:14). Isto é, devemos agir no Espírito, não na carne, ao manter a verdade. Uma coisa é batalhar e outra bem diferente é ser contencioso. “E ao servo do Senhor não convém contender, mas, sim, ser manso para com todos” (2 Tm 2:24). Assim, não é suficiente sustentar a verdade; nosso comportamento deve complementar a verdade que professamos (Fp 1:27).
Judas diz que a fé foi “uma vez” entregue aos santos. Isso significa que a verdade foi dada de uma vez para sempre; a entrega está completa. Portanto, não há mais verdade a ser revelada ou acrescentada. Os falsos mestres gostam de dizer que há mais verdade a ser revelada, e que é isso o que eles têm – mas essa noção errônea apenas abre a porta para doutrinas falsas. Com base no que Judas diz aqui, se alguém vier até nós com algo novo, devemos saber imediatamente que sua nova ideia não pode ser a verdade, porque toda a verdade já foi dada.[1]
Nota: a verdade foi “dada”, não foi descoberta por buscar nas Escrituras do Velho Testamento. Isso ocorre porque a revelação Cristã da verdade não está no Velho Testamento. Foi revelada aos apóstolos e profetas pelo Espírito Santo (1 Co 2:10; Ef 3:5) e comunicada por eles aos santos no poder do Espírito (1 Co 2:10-13).
Além disso, o corpo do conhecimento Cristão foi entregue “aos santos”. Ele não foi dado aos apóstolos, mas pelos apóstolos aos santos. Assim, os apóstolos eram apenas os canais; os santos são os terminais da verdade. O termo “santos” refere-se a toda a companhia Cristã; inclui os irmãos e as irmãs. Isso mostra que todos somos os guardiões da verdade. É responsabilidade de todo santo conhecer a verdade e andar nela, e lutar também por ela. Alguns têm a ideia de que batalhar pela fé é um trabalho que pertence àqueles que são mestres, mas na verdade é um privilégio e responsabilidade de todos os santos. Uma irmã pode dizer: “Deixo tudo isso para meu marido e os irmãos na reunião”. Mas essa ideia não tem o apoio da Escritura, pois, como Judas mostra aqui em seu uso da palavra “santos”, as irmãs devem estar envolvidas em manter a verdade também. O que é tão louvável sobre os de Bereia é que havia entre eles muitas mulheres honradas que examinavam as Escrituras; não era algo que apenas os homens faziam (At 17:11-12). De fato, deixar a defesa da fé para algumas pessoas “qualificadas”, ou mestres dotados, contribuiu para a perda da verdade como é evidente na história da Igreja. O catolicismo romano levou essa ideia ao extremo; ensina que as Escrituras devem ser deixadas nas mãos do clero e guardadas em mosteiros. Assim, ao fazê-lo, eles realmente tiraram as Escrituras (a verdade) das mãos dos santos!


[1]  N. do T.: Tem sido dito entre os irmãos: “Se é algo novo, não é verdade; se é verdade, não é algo novo”.

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