Um Mal Duplo
V. 4 – Judas prossegue
explicando por que batalhar pela fé é tão importante – muitos enganadores
haviam furtivamente se introduzido na profissão Cristã e estavam corrompendo as
pessoas com suas más doutrinas e práticas. Ele diz: “Porque se introduziram furtivamente certos homens, que já desde há muito
estavam destinados para este juízo [sentença – TB],
homens ímpios, que convertem em dissolução a graça de
nosso Deus, e negam o nosso único Soberano e Senhor, Jesus Cristo”
(AIBB). Esses homens ímpios tinham um conhecimento mental da verdade, mas seus
caminhos não estavam de acordo com ela. Eles haviam se introduzido “furtivamente”
entre os santos, fazendo uma profissão exterior de fé, mas eram charlatães. Simão
o mágico foi o primeiro falso mestre a se infiltrar, mas ele foi exposto por Pedro
e João e rejeitado (At 8). Estes a quem Judas fala entraram se arrastando sem
serem detectados, e permaneceram entre os santos, fazendo o seu trabalho
maligno.
A versão King James diz
que eles foram “destinados para esta condenação”, mas o texto deve ser lido
“marcados de antemão para esta sentença” (JND). Deus não predestina as pessoas para condenação; ninguém é
predestinado para o inferno. O que Judas está dizendo aqui é que Deus sabia de
antemão quem eram essas pessoas e fez com que os apóstolos e profetas prevenissem
os santos de que eles surgiriam, e para nos dizer que o fim deles seria a
condenação. Portanto, estando prevenidos da presença deles, não devemos nos
surpreender ao vê-los trabalhando na Cristandade. Suas sementes de impiedade
têm um duplo caráter:
- O abuso da graça.
- A negação dos direitos de Cristo, o Mestre deles.
“Converter
em dissolução [libertinagem – ARA] a graça de nosso Deus” é mudar a verdade da liberdade Cristã em liberdade para
a carne (Gl 5:13). Esses homens pervertem a verdade da libertação do
pecado (Rm 6:18) em liberdade para pecar! H. Smith disse: “O grande
princípio pelo qual Deus está salvando os homens do pecado e ensinando-os a
viver sobriamente, é usado por esses homens ímpios para satisfazer a carne e
seus desejos, ao mesmo tempo mantendo uma profissão aceitável e movendo-se no
círculo Cristão” (The Epistle of Jude, pág. 5).
“Negam o nosso único
Mestre e Senhor Jesus Cristo” (TB) não é necessariamente que negam o Seu nome
exteriormente, mas recusam-se a se submeter à Sua autoridade sobre eles na prática
– enquanto ao mesmo tempo afirmam que a praticam! Ele é “Mestre” deles
em virtude de Sua aquisição na cruz (Mt 13:44; Hb 2:9; 2 Pe 2:1), mas Ele não é
Senhor e Salvador deles. Eles negam o Seu direito de governar sobre eles, rebaixando-O,
na doutrina que sustentam, ao nível de si mesmos. Assim, a doutrina deles
despoja o Senhor de Sua divindade, Sua humanidade sem pecado e Seus atributos
divinos, fazendo-O como qualquer outro homem (Sl 50:21). O resultado prático de
suas noções errôneas é não se submeterem à Sua autoridade.