sábado, 19 de outubro de 2019

O Exame de Várias Alegações de Andar na Luz


O Exame de Várias Alegações de Andar na Luz

Tendo declarado que Deus “é luz” e “está na luz”, isso imediatamente se torna um teste para a profissão de um homem. João aborda seis alegações comuns que uma pessoa pode professar, indicadas pelas palavras: “Se dissermos ... (cap. 1:6, 8, 10) e “Aquele que diz ... (cap. 2:4, 6, 9). Nesta passagem, João dá provas e contraprovas pelas quais todas as alegações de conhecer a Deus e estar na luz podem ser verificadas.

O TESTE DE ESTAR EM COMUNHÃO COM DEUS NA LUZ (cap. 1:6-7)

João diz: Se dissermos que temos comunhão com Ele e andarmos em trevas, mentimos e não praticamos a verdade. Mas, se andarmos na luz, como Ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, Seu Filho, nos purifica de todo o [cada] pecado”. Assim, se Deus é luz e dizemos que O conhecemos e estamos em comunhão com Ele, mas vivemos de uma forma que prova que estamos em total ignorância de Deus, é claro que nossa profissão é falsa. Todos esses andam “nas trevas” e não são realmente crentes de verdade. Eles não têm conhecimento real da natureza santa de Deus e nada têm em comum com Ele, pois “que comunhão tem a luz com as trevas?” (2 Co 6:14) Por outro lado, se um homem faz a profissão de conhecer verdadeiramente a Deus, ele manifestará a realidade disso. Ele andará “na luz” e terá “comunhão” com os outros que estão na luz, e entenderá que “o sangue de Jesus Cristo, Seu Filho” limpou seus pecados. Ele será caracterizado por estas três coisas:
Em primeiro lugar, o crente está “na luz”. Assim, ele tem um conhecimento básico de Deus e da Sua natureza santa, por ter vida divina e crer no evangelho. Isso o coloca na luz posicionalmente. Como mencionado na Introdução, João olha as coisas abstratamente, Ele está falando aqui de onde o crente caminha, não como caminha. Ele não está levando em consideração que um crente, que está na luz, pode, às vezes, não andar de acordo com a luz. (“todos tropeçamos em muitas coisas” – Tg 3:2). Ele está olhando para a luz e para as trevas como algo posicional; todos estão na luz ou nas trevas. Alguém perguntou a J. N. Darby: “O que são ‘trevas?’ A resposta: a ausência do conhecimento de Deus e, quanto a isso, não é possível a nenhum Cristão estar nas trevas. Ao receber Cristo, eu recebo luz. Deus é luz e, se eu O conheço, não estou nas trevas” (Notes and Jottings, pág. 106). Foi-lhe perguntado também: “E se um crente virar as costas para a luz?” A resposta que ele deu foi: “Então a luz vai brilhar em suas costas, porque ele está sempre na luz!” (Unknown and Well Known, a biography of John Nelson Darby por W. G. Turner, pág. 36).
Em segundo lugar, “temos comunhão uns com os outros”. Os filhos de Deus têm um interesse comum – Cristo, o Filho de Deus – e isso os leva a andar juntos em feliz comunhão. Isso os caracteriza. Novamente, João não está considerando que às vezes uma pessoa pode sair da comunhão prática com seus irmãos com pensamentos e ideias divergentes, mas do que caracteriza os filhos de Deus.
Em terceiro lugar, “o sangue de Jesus Cristo nos purifica de todo o [cada] pecado”. Assim, os filhos de Deus conhecem o significado da obra consumada de Cristo na cruz, da qual fala Seu sangue. Suas consciências foram purificadas como resultado do descanso na fé sobre o que Ele realizou lá (Hb 9:14). Assim, eles não têm desejo de escapar da luz, mas ficam felizes em serem sondados por ela (Sl 139:23-24; Jo 3:21) porque sabem que tudo o que a luz expõe, o sangue purificou. De fato, quanto mais minuciosamente a luz brilha sobre eles, mais claramente é visto que não há mancha de pecado neles! Tal é o poder purificador do sangue de Cristo. A palavra “purifica” neste versículo está no tempo perfeito no grego. Isso não significa que o sangue precise ser continuamente reaplicado se e quando um crente falhar, mas que o crente permaneça em um estado constante de ser purificado pelo sangue, porque o sangue nunca perde seu poder, tendo eficácia eterna.

O TESTE DE TER A NATUREZA PECAMINOSA (Cap. 1:8)

João passa a examinar outra alegação; neste caso, é em relação ao crente que ainda tem a natureza pecaminosa nele. Ele diz: Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós”. Essa falsa alegação de que não temos pecado, mostra que não só havia homens associados à profissão Cristã que estavam em trevas quanto à verdadeira natureza de Deus, mas eles também estavam em trevas quanto ao seu próprio estado. Eles professavam não ter pecado neles! Ou seja, eles diziam que não tinham uma natureza pecaminosa – a carne! João diz que todas essas pessoas “enganam” a si mesmas. Fazer tal afirmação só prova que eles não estão na luz, porque se eles estivessem, a luz teria revelado a eles o que eles são. Um dos pontos mais elementares do conhecimento Cristão resultante de estar na luz é que sabemos que ainda temos a carne em nós (Rm 7:18). Isso mostra a seriedade de abraçar um erro; se nossas vontades estiverem trabalhando com relação ao erro, perderemos nosso discernimento e seremos enganados por ele. Assim, se nos depararmos com alguém que professa conhecer a Deus e estar em comunhão com Ele, mas diz que não tem uma natureza pecaminosa, ele está nos dando uma indicação clara de que provavelmente não é um verdadeiro crente.

O TESTE DA CONFISSÃO DOS PECADOS (Cap. 1:9-2:2)

João passa para outro ponto – a questão de ter pecado. Ele diz: “Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça. Se dissermos que não pecamos, fazemo-Lo mentiroso, e a Sua Palavra não está em nós” (vs. 9-10). A confissão dos pecados marca um verdadeiro filho de Deus. Já que ele está na luz, se ele peca, a luz o examinará, e sua consciência será despertada quanto ao que ele fez. Isso levará ao seu arrependimento, que trará uma confissão franca e humilde de ter pecado. Assim, o efeito de estar na luz é que confessamos nossos pecados. Todo verdadeiro filho de Deus fará isso. Alguém perguntou a J. N. Darby o que um crente em falta deve fazer quando ele está em um curso rebelde há anos e não consegue lembrar que pecado exatamente deu início ao seu afastamento do Senhor. Sua resposta foi: “Ele pode confessar seu estado de fraqueza em geral”. Se for genuíno, levará à sua restauração.
Confissão de pecados é, na realidade, um exercício do crente em relação à sua restauração à comunhão, quando ele falha. Se a confissão dos pecados fosse exigida dos pecadores que vinham a Cristo para a salvação, então como alguém seria salvo? Que pecador pode se lembrar de todos os seus pecados? Quando levamos em consideração o fato de que “a lavoura [pensamentos] dos ímpios é pecado” (Pv 21:4) e “o pensamento do tolo é pecado” (Pv 24:9), seria uma tarefa impossível. Seus pecados podem chegar aos milhares – talvez aos milhões! Um pecador buscar a salvação e o perdão dos pecados é simplesmente reconhecer ou confessar que é um pecador (Lc 18:13) e confessar Jesus como seu Senhor (Rm 10:9; Fp 2:11), mas não é exigido que confesse todos e cada um dos pecados que cometeu. O princípio abstrato envolvido no perdão dos pecados aqui pode ser amplo o suficiente para cobrir a vinda inicial de uma pessoa a Cristo para o perdão eterno e a salvação (ver Synopsis of the Books of the Bible por J. N. Darby, nota de rodapé em 1 João 1:9), mas o contexto mostra que João está realmente falando daqueles dentro da companhia Cristã. Comentando sobre isso, F. B. Hole disse: “É verdade, claro, que a única coisa honesta para um incrédulo, quando a convicção chega até ele, é confessar seus pecados, então o perdão, completo e eterno, será dele. O crente, contudo, está em questão aqui. Isto é: ‘Se (nós) confessarmos’”. (Epistles, vol. 3, pág. 147).

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