ENVOLVIDOS EM SERVIÇO (vs. 22-23)
Por último, devemos nos envolver em
serviço ativo para o Senhor, alcançando aqueles que estão confusos e enredados
nos erros da Cristandade. Judas diz: “E a alguns convença quando
contendendo. A outros salve, tirando-os para fora do fogo. E de outros se compadeça com temor, odiando até
a vestimenta manchada com a carne” (tradução de W. Kelly). O Sr. Kelly
comentou: “Nossa versão – a chamada Autorizada [KJV[1]] –
analisa apenas dois casos. ‘E de alguns tenhas compaixão, fazendo uma
diferença’ – isso é uma classe; ‘e outros salvai com temor, puxando-os
para fora do fogo; odiando até a vestimenta manchada pela carne’ – esta é a
segunda classe. Ora creio que existem três classes, e não apenas duas” (Lectures
on the Epistles of Jude, pág. 152).
As palavras de Judas
aqui mostram que estender a mão para ajudar as pessoas requer discernimento,
pois nem todos os casos são iguais. Em tempos de abandono da verdade, devemos
distinguir entre os líderes e os liderados. Alguns são mestres
obstinados e cabeças-duras; outros são meros seguidores que foram induzidos, pelos
mestres errôneos, a tropeçar (Rm 16:17-18). Note também que há uma ordem moral
nesta passagem. Só depois de Judas ter falado de ser edificado sobre a santíssima
fé, orando no Espírito Santo, desfrutando do amor de Deus por meio da comunhão,
e tendo a iminência da vinda do Senhor diante de nossas almas, que ele nos
encoraja a estender a mão para ajudar os outros. Nossa eficácia em servir ao
Senhor será grandemente prejudicada se essas outras coisas não estiverem no
lugar apropriado em nossas vidas.
A primeira
classe de pessoas são os líderes entrincheirados em suas doutrinas malignas. Não
devemos tentar salvá-los, pois eles são apóstatas que não podem ser levados ao
arrependimento e recuperados (Hb 6:4-6). Pelo contrário, devemos ‘convencê-los’
com a verdade. (Esta é a mesma palavra usada no versículo 15, tendo a ver com
uma pessoa condenada sendo envergonhada, para que sua culpa seja evidente para
todos). O Sr. Kelly apontou que a frase “fazendo uma diferença” (KJV) no
versículo 22, deve ser traduzida “quando contendendo”. É claro que esses
homens não querem a verdade; eles querem contender. A palavra usada no versículo
9, em conexão com o diabo, contendendo com Miguel o arcanjo, é a mesma palavra
usada aqui. Portanto, esses adversários da verdade estão fazendo o trabalho de
seu mestre!
A segunda classe
de pessoas pode ser salva “tirando-as para fora do fogo”. Essas não são os
enganadores, mas sim enganadas pelos enganadores. Elas foram enlaçadas inconscientemente
nas más doutrinas e precisam ser libertadas dessas falsas noções. Sendo
edificados sobre a santíssima fé e instruídos na verdade, como Judas impõe,
devemos ser capazes de guiar essas pessoas para fora dessas doutrinas errôneas,
se suas vontades não estiverem em ação. Nota: é “tirá-los”, não “empurrá-los” para fora da confusão espiritual e desordem
que eles se meteram. Empurrando implica entrar na vala com eles, mas fazendo
isso, podemos nos enredar no mal. Não, antes, devemos ficar separados da
corrupção, permanecendo em terra firme e retirá-los. A salvação da qual Judas
fala aqui não é a salvação eterna da alma; isso é algo que somente o Senhor
pode fazer por meio de fé em Sua obra na cruz. Esta é uma salvação prática dos
erros doutrinários na Cristandade (1 Tm 4:16).
A terceira
classe são aquelas pessoas de quem Judas diz: “E de outros se compadeça”
(tenha “compaixão”). Essas são pessoas que se tornaram tão corrompidas moral
e espiritualmente que, ao alcançá-las, precisamos ser mais cuidadosos para não
nos deixarmos contaminar pelas circunstâncias em que as encontramos. Por isso, Judas
acrescenta: “Odiando até a vestimenta manchada com a carne” (JND). Uma “vestimenta” é algo
que envolve uma pessoa quando está vestida dela e é usada figurativamente na
Escritura para indicar as circunstâncias em que ela vive (Lv 13:47-59; Mc
10:50, etc.). Devemos odiar suas vestes porque suas circunstâncias são
contaminantes. Assim, devemos amar a pessoa, mas odiar seus pecados – e esse
ódio deve ser mantido em todos os momentos. Estando conscientes das situações
contaminantes em que essas pessoas estão, devemos trabalhar com “temor” de nos tornarmos impuros por
tal contato e, portanto, devemos proceder com cautela. Não é uma questão de
tolerar o mal em que eles estão, mas estar ciente disso, e permanecer
moralmente separado dele, enquanto procuramos libertá-los.
[1]
N. do T.: As versões em português também
consideram apenas duas classes.