domingo, 20 de outubro de 2019

A Unção do Espírito


A Unção do Espírito
Vs. 20-21 – Em vista desse ataque ao Cristianismo, João dirige esses pequeninos ao grande recurso que eles têm no Espírito Santo. Ele diz: “Mas vós tendes a unção do Santo, e conheceis toda a verdade” (tradução de W. Kelly). A “unção” do Espírito é um aspecto especial da habitação do Espírito Santo que dá ao crente discernimento em relação à verdade e ao erro. Isso mostra que o mais novo filho de Deus tem a presença interior do Espírito, que é recebido quando cremos no evangelho (Gl 3:2; Ef 1:13). No evangelho de João, o Espírito de Deus é dado aos crentes para aumentar seu entendimento e desfrute da verdade (caps. 14:26, 15:26, 16:13-15), enquanto na epístola de João, o Espírito é dado ao santos mais com o propósito de protegê-los de serem enganados pelo inimigo (caps. 2:18-27, 3:24, 4:1-6, 13, 5:6-7).
É digno de nota que João não direciona esses pequeninos para a Palavra de Deus, e lhes diz para usar as Escrituras para refutar o ensino do mal. Se eles tivessem estado no nível dos jovens que tinham a Palavra de Deus habitando neles, ele poderia ter dito isso. Mas esses filhinhos eram novos na fé e ainda não tinham um conhecimento prático da Palavra de Deus e, portanto, não tinham capacidade para tal tarefa. Sendo assim, João aponta para a “unção do Santo” que seria dada para conhecer “todas as coisas” (JND). Ele diz: “Não vos escrevi porque não soubésseis a verdade, mas porque a sabeis e porque nenhuma mentira vem da verdade” (v. 21). João não quer dizer que esses novos crentes conhecessem todos os vários princípios da revelação Cristã da verdade, mas tendo a unção do Espírito, eles tinham a capacidade de discernir a verdade quando fosse apresentada. Assim, eles saberiam quando a ouvissem. O Espírito lhes daria um senso em suas almas de que o que estava sendo apresentado era de fato a verdade. Por outro lado, se alguém apresentasse um erro, eles também seriam capazes de discernir que havia algo errado com isso. Eles talvez não pudessem explicar o que exatamente estava errado com a falsa doutrina, mas eles saberiam o suficiente para evitá-la e, assim, seriam preservados.
Vs. 22-23 – João faz uma pausa para mencionar as duas principais formas de erro com as quais os santos se encontrarão antes de continuar com suas observações sobre a unção do Espírito. Esses são: 
  • A negação de que “Jesus é o Cristo [Messias]. Essa é a blasfêmia que é mantida entre os judeus descrentes.
  • A negação do relacionamento eterno do “Pai e o Filho”. Essa é a blasfêmia que é mantida entre muitos falsos mestres no testemunho Cristão. 

Negar que Jesus é o Cristo é negar a mensagem essencial do Velho Testamento (At 17:2-3), e negar o Pai e o Filho é negar a mensagem essencial do Novo Testamento (Mt 3:16-17). Vemos disto que os ataques do inimigo são geralmente, se não sempre, dirigidos à Pessoa de Cristo. De fato, será encontrado que no fundo de todo sistema anticristão de ensino há algum tipo de blasfêmia em conexão com a Pessoa de Cristo. Esses sistemas religiosos podem usar a terminologia bíblica em seus ensinamentos, mas o teste real está no que eles têm em relação à “doutrina de Cristo” (2 Jo 9). H. Smith disse: “Quando o anticristo aparecer, ele unirá a mentira dos judeus com a mentira que surge na profissão Cristã, negando tanto que Jesus é o Messias e que Ele é uma Pessoa divina” (As Epístolas de João, pág. 17). O apóstolo João marca aquele que expõe essas falsas doutrinas como sendo um “mentiroso”.
Vs. 24-26 – João então acrescenta uma condição importante em conexão com a operação da unção do Espírito. Ele diz: “Portanto, o que desde o princípio ouvistes permaneça em vós. Se em vós permanecer o que desde o princípio ouvistes, também permanecereis no Filho e no Pai. E esta é a promessa que Ele nos fez: a eterna vida.” Isso mostra que o discernimento espiritual transmitido pelo Espírito Santo não é uma coisa automática. O uso que João faz da palavra “se” mostra que a obra do Espírito como a unção depende do fato de o crente permanecer na revelação Cristã do Pai e o Filho (recebida quando cremos no evangelho) e continuar em comunhão consciente com o Pai e o Filho, que é a essência da “vida eterna” (Jo 17:3). Mencionamos isto porque há muitos que são verdadeiramente salvos e habitados pelo Espírito Santo, mas que foram enganados por mestres errôneos, porque não permaneceram em comunhão com o Pai e o Filho. Isso mostra quão importante é manter a comunhão com Deus; é nossa “corda salva-vidas” espiritual. João explica que estava dando esse aviso por causa do perigo real daqueles que estavam tentando “extraviá-los” (v. 26 – JND).
V. 27 – João então reafirma o grande recurso que eles tinham no Espírito Santo: “E a unção que vós recebestes d’Ele fica em vós, e não tendes necessidade de que alguém vos ensine; mas, como a Sua unção vos ensina todas as coisas, e é verdadeira, e não é mentira, como ela vos ensinou, assim n’Ele permanecereis. Alguns pensaram que o que João está dizendo aqui é que o caminho para resolver o problema de absorver o erro de falsos mestres é recusar todo o ensino dos homens. Eles acham que o que ele está dizendo é que não precisamos que os homens nos ensinem a verdade porque temos o Espírito Santo que nos ensina e que isso é tudo que precisamos. Consequentemente, eles rejeitam a leitura de todo ministério escrito (comentários). Mas não é isso que João está dizendo. Este versículo não significa que não precisamos de mestres Cristãos na Igreja. Se assim fosse, por que Deus levantou “mestres” e os enviou para ensinar a Igreja? (1 Co 12:28; Ef 4:11-14) Esse versículo simplesmente significa que quando algo nos é apresentado, não precisamos de alguém para nos dizer se é verdade ou erro. Se estamos em comunhão com o Senhor, a unção do Espírito nos dará a saber se é verdade ou erro. Consequentemente, rejeitaremos o erro e reteremos a verdade, e assim “n’Ele permanecereis” e seremos preservados.
V. 28 – F. B. Hole declara: “O versículo 28 do capítulo 2 permanece como um parágrafo curto por si mesmo, e o segundo capítulo terminaria mais apropriadamente com ele” (Epistles, vol. 3, pág. 158). O apóstolo aqui volta a se dirigir a toda família de Deus e, ao fazê-lo, encerra sua digressão sobre o crescimento na família. (Como mencionado anteriormente, a palavra aqui deveria ser “filhos” e não “filhinhos”).
É uma exortação simples para a família como um todo (todos os três níveis de crescimento) a permanecer n’Ele (“permanecei n’Ele”). É nossa grande salvaguarda contra todo o ensino anticristão. Isso mostra que não há substituto para a comunhão, sejam Cristãos maduros ou novos convertidos. João olhou para o dia da manifestação (a Aparição de Cristo) quando os resultados do nosso serviço serão exibidos. Seu trabalho como um apóstolo será manifestado e os trabalhos dos santos serão também. Ele mostra que é possível que pudéssemos ser envergonhados naquele momento porque não seguimos bem no caminho da fé. Seu desejo é que todos tenhamos “confiança” naquele dia e que ninguém seja “envergonhado diante d’Ele em Sua vinda” (JND).

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