sábado, 24 de agosto de 2019

Dois Aspectos da Vida Mais Abundante


Dois Aspectos da Vida Mais Abundante

Há dois aspectos dessa vida mais abundante: em primeiro lugar, refere-se à vida divina no crente como uma possessão presente, pela qual ele desfruta de comunhão consciente com o Pai e o Filho (Jo 3:15-16, 36, etc. – “tem”). Este é o aspecto em vista no ministério de João. Em segundo lugar, ela é vista como a esfera da vida para a qual o crente está indo em direção ao final de seu caminho quando chegar ao céu. Assim, é uma coisa futura. Este é o modo como Paulo fala a respeito (Rm 2:7, 5:21, 6:22, 23; Gl 6:8; 1 Tm 1:16, 6:12, 19; Tt 1:2, 3:7). Judas fala disso dessa maneira também (Jd 21). Neste último sentido, a vida eterna[1] é um ambiente de vida espiritual onde tudo é luz, amor e justiça, e onde a comunhão com o Pai e o Filho é desfrutada. Assim, o primeiro aspecto tem a ver com a vida em nós, e o segundo é a vida na qual estaremos.
Usamos a palavra “vida” dessas duas maneiras em nossa linguagem cotidiana. Podemos falar de uma planta, um animal ou um humano como tendo vida neles. Mas também falamos de vida como um ambiente ou esfera em que uma pessoa pode habitar – por exemplo, “vida no campo”, “vida na cidade”, “vida de assembleia”, etc. Assim, podemos gozar a vida eterna agora pelo Espírito, mas depois habitaremos nessa esfera de vida em seu sentido mais amplo quando formos glorificados. Esses dois aspectos de vida foram ilustrados no exemplo de um mergulhador em águas profundas. Ele trabalha debaixo d'água, mas respira por meio de conexão ao cilindro de ar que o mantém vivo. Isto é como o crente tendo a possessão presente da vida eterna. Vivendo neste mundo, nós vivemos e nos movemos e temos nosso ser em um ambiente inadequado para a nossa nova natureza, pois pertencemos à nova criação e somos pessoas celestiais. Assim, não somos deste mundo, mas somos sustentados pela conexão de vida de comunhão com o Pai e o Filho enquanto estamos no mundo. Quando o trabalho do mergulhador é concluído e ele é trazido para fora da água para o ambiente que lhe é natural, ele tira seu equipamento de mergulho e respira o ar sem esse aparato. Da mesma forma, quando nosso trabalho estiver concluído aqui na Terra e formos chamados para o céu em nosso estado glorificado, estaremos então no ambiente da vida eterna4 e para o qual estaremos perfeitamente adequados.
A possessão presente desta vida pode ser referida como “vida eterna” (JND) e o aspecto futuro como “vida eterna4 (JND). Somos gratos à Tradução J. N. Darby que distingue estas coisas desta maneira. (O Sr. Darby não considera a vida eterna como tal em 1 Jo 3:15, 5:11, 13, 20, mas a tradução de Kelly o faz). Quando fala de Cristo pessoalmente, é traduzida como “Vida Eterna” (1 Jo 1:2 – JND).


[1] N. do T.: As traduções de J. N. Darby e W. Kelly diferenciam os dois significados da expressão traduzida para o português como “vida eterna”, utilizando as expressões “life eternal” e “eternal life”. Como traduzir isso para o português não destacaria a diferença existente, usaremos a expressão “vida eterna” para indicar o aspecto presente da possessão da vida eterna (que Darby e Kelly traduzem como “life eternal”) e “vida eterna4para indicar o aspecto futuro dessa possessão (que Darby e Kelly traduzem como “eternal life”). O Concise Bible Dictionary diz: “Aquele que tem o Filho de Deus, portanto, tem vida agora (a possessão presente) e sabe disso pelo Espírito Santo, o Espírito da vida. O apóstolo João fala da vida como um estado subjetivo nos crentes, embora inseparável do conhecimento de Deus plenamente revelado como o Pai no Filho, e de fato caracterizado por isso. O Senhor disse a Seu Pai: “a vida eterna é esta: que Te conheçam,  a Ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a Quem enviaste” (Jo 17:3). O apóstolo Paulo apresenta a vida eterna mais como uma esperança diante do Cristão (a possessão futura), que, no entanto, tem um efeito moral presente (Tt 1:2, 3:7). Disso obtemos que a vida eterna para o Cristão se dirige à sua plenitude para a glória de Deus, quando o corpo atual como parte da velha criação será transformado, e haverá total conformidade a Cristo, de acordo com o propósito de Deus. Nesse meio tempo, a mente de Deus é que o Cristão, habitado pelo Espírito Santo, saiba (tenha o conhecimento consciente) que ele tem a vida eterna (1 Jo 5:13). Veja no Apêndice, na última página deste livro, como Darby e Kelly identificam o caráter presente e futuro da vida eterna em suas traduções.


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