Pregamos
Propiciação ao Mundo, Não Substituição
João acrescenta: “não
somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo [mas também para o mundo inteiro
– JND]”. Isso mostra que
a propiciação é muito ampla em sua aplicação. Ela foi feita para o mundo todo
e, por causa disso, cada pessoa no mundo pode ser salva se vier a Cristo com
fé. A KJV acrescenta em itálico: “Para ‘os pecados do’ mundo todo”[1]. O uso de itálico na versão
King James indica que a palavra “pecado” não está no texto grego, mas foi
adicionada pelos tradutores por acharem que daria clareza ao texto. No entanto,
quase sempre, essas adições mudam o significado da passagem. Isso é o que
aconteceu aqui. A verdade é que a propiciação foi feita para o mundo inteiro,
mas Cristo não levou os pecados de todos no mundo. A escritura afirma
que Ele levou o juízo dos pecados de “muitos” – que se refere aos
crentes (Is 53:12; Mt 20:28, 26:28; Hb 9:28) – mas não de todos os homens. É
verdade que Cristo “morreu por todos”; isso é propiciação (2 Co 5:15; 1 Tm
2:6), mas Ele só suportou os pecados dos muitos que viriam a crer. Assim, o que
Cristo realizou na cruz é “para todos”, mas apenas “sobre todos”
os que creem (Rm 3:22). A gravidade desse erro, embora na maioria dos casos não
seja intencional, é que apresenta Deus como sendo injusto. Se Cristo levou o juízo
dos pecados de todos do mundo, então Deus seria injusto em permitir que alguém
seja lançado no inferno. Eles pagariam pelos pecados que já foram pagos por
Cristo!
Assim, pregamos a
propiciação ao mundo no evangelho. Dizemos aos perdidos que as santas reivindicações
de Deus foram atendidas pela obra expiatória de Cristo na cruz e que Deus não
apenas está satisfeito, mas também que foi glorificado por isso. E, se eles
vierem a Cristo com fé, eles podem ser salvos. Por outro lado, ensinamos a
substituição para aqueles que creem. Dizemos a eles que Cristo levou o justo
juízo de seus pecados e, portanto, Deus (sendo o Deus justo que Ele é) nunca os
punirá por seus pecados. Fazê-lo exigiria um pagamento duplo, algo que Deus
nunca faria porque seria injusto. Esta preciosa verdade dá ao crente paz e
segurança.
Como regra geral nas
epístolas, quando a obra de Cristo na cruz está em vista, e os pronomes “nós”,
“nos” ou “nosso” são usados, é o lado substitutivo de Sua morte
que está sendo apresentado (Is 53:5-6; Rm 4:25, 5:8; 1 Co 15:3; 2 Co 5:21; Gl 1:4;
Ef 1:7; 1 Pe 2:24, 3:18; 1 Jo 3:5; Ap 1:5-6, etc.). Infelizmente, muitos
pregadores evangélicos, obreiros missionários e professores de escola dominical,
etc., têm entendido mal isso, e dizem a seus ouvintes não salvos que Cristo
morreu por seus pecados e que Ele levou o juízo por eles. Esse equívoco decorre
em grande parte de supor que esses pronomes na Escritura estão se referindo a
toda raça humana, o que não estão; eles estão se referindo aos crentes – a
companhia Cristã. As epístolas foram escritas para os Cristãos, não para as
pessoas perdidas deste mundo. Ficaríamos muito contentes se os homens deste
mundo as lessem; muitos foram salvos ao fazer isso, mas elas não foram escritas
para eles.
[1] N. do T.: Em todas as versões em
português aparece a palavra “pelos”,
referindo-se ‘aos pecados do mundo’,
a mesma incorreção que a versão King James apresenta.