O Tríplice Testemunho da Água, do Sangue e do Espírito
Cap.
5:6-8 – João começa apontando para o triplo testemunho da obra de Deus na alma
de todo Cristão, dizendo: “Este é aqu’Ele que veio por água e sangue,
isto é, Jesus Cristo; não só pela água, mas pela água e pelo sangue. E o Espírito
é o que dá testemunho, porque o Espírito é a verdade. Porque três são os que
dão testemunho: o Espírito, e a água, e o sangue; e estes três concordam [e
estes três concordam num – ARC]”
(vs. 6-8 – AIBB). (O versículo 7, que aparece na KJV e nas ARC, ARF e ARA, tem
muito pouco apoio como manuscrito grego e não deve estar no texto. Fala de um
testemunho no céu, mas os que estão no céu não precisam de testemunho).
Vindo
pela “água” e pelo “sangue” significa que o Senhor Jesus veio
efetuar uma limpeza moral e judicial para os homens – que é o que a água e o
sangue significam. Essas duas coisas fluíram do lado do Cristo morto, mostrando
que a purificação para a humanidade só poderia ser assegurada por meio do que
Ele realizou em Sua morte. O relato histórico em João 19:34 menciona o sangue
em primeiro lugar, porque ele está vendo as coisas da perspectiva do que era
necessário para afastar o pecado perante Deus. Apenas o sangue (é esse o
significado) pode fazer isso e, necessariamente, deve vir primeiro, pois sem ele
a água não poderia ser aplicada.
Nesta
passagem, João menciona a água primeiro porque ele está falando da ordem em que
entramos na bem-aventurança dessas coisas. Na obra de Deus para com os homens,
a limpeza pela água ocorre primeiro. Isso é efetuado por um novo nascimento, em
que uma pessoa é lavada de seu estado impuro “e no mais todo está limpo”
(Jo 3:5, 13:10, 15:3; 1 Co 6:11). Limpeza pelo sangue é algo mais; é
consequência de uma pessoa, que nasceu de Deus, repousar em fé na obra
consumada de Cristo na cruz. O crente é assim lavado judicialmente de seus
pecados (1 Jo 1:7; Ap. 1:5) e tem sua consciência purificada de sua culpa (Hb
9:14). O “Espírito”, que “é a verdade”, dá testemunho dessas
coisas no crente ao vir habitar n’Ele, e assim ele é “selado” para o dia
da redenção final quando o Senhor vier (Ef 1:13, 4:30; 2 Co 1:21-22). Portanto,
a água tem a ver com purificação e o sangue tem a ver com expiação.
A consagração dos sacerdotes no Velho Testamento ilustra essa mesma ordem por
meio de figura. Eles foram primeiramente banhados em “água” (Êx 29:4),
depois foram aspergidos com “sangue” (Êx 29:20) e, por último, foram
ungidos com “óleo” – uma figura do Espírito Santo (Êx 29:21).
João então repete essas
três coisas no versículo 8, mas a ordem é diferente; o Espírito é colocado
diante da água e do sangue. Isso ocorre porque quando se trata de conhecer e
desfrutar dessas bênçãos, é o Espírito de Deus (nosso Guia e Mestre) que nos
conduz ao bem delas, tornando-as uma realidade viva em nossas almas (Jo 16:13).
Assim, com o Espírito de Deus habitando em nossos corações, sabemos que
nascemos de Deus porque temos interesse em coisas divinas que nunca tivemos nos
dias anteriores à nossa conversão. Tal capacidade só pode resultar de ter uma
nova vida e natureza que é transmitida por meio de um novo nascimento. Sabemos também
que Deus tirou nossos pecados. Isso é provado pelo fato de termos paz em nossas
almas em relação à questão de nossos pecados; isso é algo que costumava nos
incomodar antes de sermos salvos. Além dessas duas coisas, agora vivemos no gozo
dessas maravilhosas verdades diariamente em comunhão com o Pai e o Filho. Isso
só poderia ser possível por meio da obra do Espírito de Deus que habita em nós (Jo
4:14). João diz: “Estes três concordam num”.
Diga a um filho de Deus,
que tem esses três testemunhos, que aquilo que ele creu não é verdade, e ele
irá descartar a ideia imediatamente. Ele sabe que nasceu de novo e sabe que
seus pecados foram tirados. Além disso, ele é genuinamente feliz em seu
relacionamento com o Senhor, desfrutando de suas bênçãos. Essas coisas provam
que ele foi convertido e ninguém pode convencê-lo do contrário.