sábado, 19 de outubro de 2019

O Prólogo


O Prólogo

Cap. 1:1-4 – Os quatro primeiros versículos do capítulo 1 formam a Introdução à epístola. É uma declaração de que a vida eterna se manifestou neste mundo na Pessoa do Filho de Deus, e que pessoas competentes e confiáveis (os apóstolos) deram testemunho disso. Eles declararam esse maravilhoso fato para que pudéssemos participar daquela vida com eles e, assim, ter comunhão com o Pai e o Filho e com todos os que também assim foram feitos por Deus.
João diz: “Aquilo que era desde o princípio, aquilo que ouvimos, o que temos visto com os nossos olhos; o que contemplamos e manejamos com nossas mãos sobre a Palavra da vida; (e a vida se manifestou, e vimos e testificamos e relatamos-lhes a vida eterna que estava com o Pai e nos foi manifestada) ...(JND). João fala Aquilo que era desde o princípio.... Poderíamos ter pensado que ele teria dito: “Aqu’Ele que era desde o princípio”, mas João não está se referindo ao Senhor Jesus pessoalmente, mas sim à manifestação da vida eterna que foi apresentada n’Ele e, portanto, “aquilo que” é apropriado.
O “princípio” que João fala aqui refere-se a quando a vida eterna foi manifestada pela primeira vez neste mundo. Isso nos leva de volta à encarnação de Cristo quando o caráter pleno daquela vida se tornou visível n’Ele (Jo 1:14). “Desde o princípio” é uma expressão que ocorre onze vezes nas epístolas de João (1 Jo 1:1, 2:7 [duas vezes], 2:13, 14, 24 [duas vezes], 3:8, 11; 2 Jo 5, 6). Como mencionado, a frase refere-se ao princípio da exibição moral do Cristianismo na Pessoa de Cristo. Não deve ser confundido com o “princípio” em Gênesis 1:1, que marca o começo de todas as coisas criadas – visíveis e invisíveis. Nem é o mesmo “princípio” como em João 1:1, que nos leva de volta antes de Gênesis 1:1 para uma eternidade passada sem tempo. Nem é o “princípio” mencionado em Apocalipse 3:14, que é o começo da raça da nova criação dos homens sob Cristo quando Ele ressuscitou dos mortos (2 Co 5:17; Cl 1:18).
A responsabilidade de João desde o início é insistir no fato de que Cristo Se tornou um Homem real e, como tal, Ele manifestou plenamente a vida eterna neste mundo. Ao afirmar o que os apóstolos (“nós”) “O ouvimos”, “O temos visto”, “O contemplamos” e “O manejamos”, João mostra que a vida eterna não é um conceito místico (como os gnósticos estavam propondo), mas aquilo que foi vivamente expresso em um Homem real. Os apóstolos O conheciam como tal e tinham comunhão íntima e pessoal com Ele. João menciona isso para refutar as noções dos gnósticos que, de um modo blasfemo, ensinavam que Cristo era um fantasma, e não um Homem real.
João identifica Cristo como “o Verbo da vida” (ARA), e isso sincroniza com João 1:1, que afirma que Ele é uma Pessoa divina e eterna na Divindade, tendo todos os atributos da deidade. Ele é chamado a Palavra da vida porque Ele expressou plenamente a vida e a natureza de Deus. Todas as Suas benditas características foram apresentadas n’Ele em perfeição. “O Verbo” (Jo 1:1, 14; Ap 19:13 – ARA) é um nome adequado para o Senhor Jesus. Palavras são veículos pelos quais transmitimos nossos pensamentos aos outros. Podemos ter certos conceitos, ideias e emoções em nossas mentes, e a maneira pela qual os tornamos conhecidos pelos outros é por meio de palavras. Assim, o Senhor Jesus é a Palavra de Deus no sentido de que Ele é o Revelador de tudo o que Deus é para o homem. Ele tornou Deus plenamente conhecido – como sendo o Pai, o Filho e o Espírito Santo (Jo 1:18, 14:9, 17:6-8).
V. 2 – Em um parêntese, João declara que não só os apóstolos viram a vida eterna expressa em Cristo, mas também deram testemunho disso e trouxeram esse relato aos santos (“vos anunciamos”). O relato dos apóstolos é uma declaração de que Cristo – que é a personificação dessa vida e apropriadamente chamado de “esta Vida Eterna” (TB) – existiu eternamente “com o Pai” no céu antes de ser manifestado neste mundo. Isso significa que a vida eterna é algo que não era conhecido pelos homens antes da vinda de Cristo. Como mencionado na Introdução, a vida eterna é conhecer Deus como nosso Pai e Jesus Cristo como Seu Filho (Jo 17:3). Para que uma pessoa tenha esse caráter de vida divina, Cristo teve que vir e revelar o relacionamento eterno do Pai e o Filho (Jo 1:14-18), e fazer expiação pelo pecado (Jo 3:14-15), e enviar o Espírito Santo para habitar nos crentes (Jo 4:14). Os santos do Velho Testamento, portanto, não poderiam ter a eterna vida. Eles nasceram de Deus e, portanto, tinham vida divina e estão a salvo no céu agora, mas não conheciam esse caráter da vida divina que a Escritura chama de “eterna vida”.
Nos versículos 3-4, João explica por que Deus Se comprometeu a manifestar a vida eterna e a entregá-la aos crentes – é para nos levar à bem-aventurança da comunhão com as Pessoas divinas, que os santos até então nunca conheceram. Simplificando, Ele quer que desfrutemos do que Ele tem desfrutado eternamente. João diz: “o que vimos e ouvimos, isso vos anunciamos, para que também tenhais comunhão conosco; e a nossa comunhão é [na verdade – JND] com o Pai e com Seu Filho Jesus Cristo. Estas coisas vos escrevemos, para que o vosso gozo se cumpra”. Assim, o Pai e o Filho têm habitado eternamente juntos em doce comunhão com o Espírito Santo, e agora que a redenção foi realizada, um caminho em graça foi aberto para trazer outros para essa comunhão.
Os apóstolos foram os primeiros a provar essa doce comunhão e declararam isso na pregação do evangelho, para que todos os que cressem também conhecessem e desfrutassem sua bem-aventurança. Cristo, o Filho de Deus, é o centro dessa comunhão divina e, como tal, é a fonte de grande deleite para Deus, o Pai. Ele poderia dizer: “Então Eu estava com Ele e era Seu Aluno [Artífice]: e era cada dia as Suas delícias” (Pv 8:30). O Pai Se deleita em Seu Filho (Mt 3:17, 17:5, Jo 3:35, 5:20) e quer compartilhar esse deleite conosco, para que possamos conhecer sua bem-aventurança também! (Compare com o Salmo 36:8) Beber do cálice de deleite do Pai e desfrutar de uma doce comunhão com Ele e Seu Filho é a essência da eterna vida. É, de fato, uma verdade surpreendente que Deus em graça (e a um grande custo para Si mesmo) alcance e traga pecadores que se afastaram d’Ele, em comunhão íntima e pessoal Consigo – e isso é o que Ele tem feito!
João conclui suas observações introdutórias acrescentando que não é apenas o desejo de Deus que experimentemos esse gozo, mas é o desejo dos apóstolos também, e é uma das razões pelas quais João escreveu a epístola.

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