Justiça e Iniquidade
V. 4 – Enquanto o
verdadeiro filho de Deus será conhecido por estar “aperfeiçoando a
santificação” em sua vida enquanto espera o Senhor chegar, aquele que
simplesmente professa ser um filho de Deus não terá nenhuma preocupação com tal
coisa. Isso ficará evidente em sua vida. Este foi o caso dos mestres gnósticos.
Eles ostentavam ter maior conhecimento espiritual, mas eram bem descuidados na
santidade pessoal. João, portanto, prossegue para definir a verdadeira natureza
do pecado e, ao fazê-lo, expõe esses charlatães. Ele diz: “Qualquer que
comete pecado também comete iniquidade, porque o pecado é iniquidade”. Ao afirmar isso, João não está
falando de um crente falho cometendo um pecado, mas de uma pessoa que “pratica”
(ARA) o pecado como uma característica em sua vida. Seu caráter geral prova que
ele não é um verdadeiro filho de Deus, embora possa professar ser um.
As versões King James e
a Almeida Atualizada apresentam este versículo incorretamente: “o pecado é a
transgressão da lei”. Se
isso fosse verdade, então teríamos que dizer que não havia pecado no mundo até
que Deus deu a Lei a Moisés! Isso não pode ser verdade; contradiz Romanos 5:12-14,
que afirma que o pecado estava no mundo antes da lei. A nota de rodapé da
Tradução de J. N. Darby diz: “Traduzir que o ‘pecado é a transgressão da Lei’,
como na AV [Versão Autorizada – a KJV] é errado, e dá uma falsa definição de
pecado, pois o pecado estava no mundo e a morte como consequência, antes de a Lei
ter sido dada”. Deveria ser dito: “O pecado é ilegalidade (ou ausência
de lei)” (JND). Ausência
de lei é fazer nossa própria vontade em independência de Deus. É o exercício da
vontade própria.
V. 5 – João acrescenta
o feliz antídoto que, embora tenhamos pecado e ficado aquém da glória de Deus
(Rm 3:23), Cristo “Se manifestou para tirar os nossos pecados” e nos
levar a um relacionamento com Deus. Ele veio para resolver a questão do pecado
para a glória de Deus e para a bênção da humanidade. Sua obra de expiação na
cruz afastou o pecado de diante de Deus judicialmente (Hb 9:26) e, em um
dia vindouro, Ele vai tirar todo o efeito do pecado deste mundo literalmente
e trazer um estado eterno de impecabilidade. (Jo 1:29; Ap 21:1-8). Enquanto
isso, Ele está tirando a culpa do pecado daqueles que creem, salvando suas
almas e purificando suas consciências (Hb 9:14). Ao falar de Cristo como o
grande Emissário do pecado, João tem o cuidado de distingui-Lo de todos os
outros homens, afirmando: “E n’Ele não há pecado”. Isso significa que
Ele não tinha uma natureza caída pecaminosa como os outros homens têm; Sua
natureza era, e é, santa (Lc 1:35).
V. 6 – Depois de termos
nossos pecados tirados quando recebemos a Cristo como nosso Salvador, João dá o
caminho simples de Deus pelo qual somos impedidos de pecar depois disso. Ele
diz: “Todo aquele que permanece n’Ele não peca”. Permanecer em Cristo é
viver em constante comunhão com Ele (Jo 15:4). Não pecaremos quando estivermos
na presença do Senhor em comunhão com Ele. De acordo com seu estilo, João fala de
uma maneira absoluta – afirmando o estado normal dos filhos de Deus. (É triste
dizer que é quando saímos da comunhão com Ele que pecamos.) Por outro lado, “qualquer
que peca não O viu nem O conheceu”.
João fala aqui de uma pessoa que vive em um estado contínuo de ilegalidade, que
é o estado normal dos incrédulos. Ele diz que tal pessoa realmente não conhece
o Senhor. Nota: João não diz: “Todo aquele que comete um pecado ...”
porque ele não está falando de atos individuais de pecado, mas do teor geral da
vida de uma pessoa.