Amado do Pai
Cap. 3:1 – João faz uma
pequena digressão para explicar onde os filhos de Deus adquirem o poder moral para
praticar a justiça – isso é produzido pela contemplação do amor do Pai. Por
isso, ele diz: “Vede quão grande amor nos tem concedido o Pai: que fôssemos
chamados filhos [as crianças – JND] de Deus” (ARF). (A KJV e as versões em
português dizem “filhos”, mas deveria ser traduzido como “crianças”.
A filiação, que é a linha distintiva de verdade apresentada por Paulo; não é o
assunto aqui).
Em João 3:16, o
apóstolo se concentra na medida do amor de Deus aos perdidos; aqui em 1
João 3:1, ele se concentra sobre a maneira do amor do Pai para com Seus
filhos. Somos os objetos do Seu amor! Ele quer que não apenas conheçamos esse
fato maravilhoso, mas que vivamos no gozo dele. Viver no sentido consciente de
que somos amados perfeita e eternamente pelo Pai é uma forte motivação para
praticarmos a justiça. De fato, Ele nos ama tanto quanto ama Seu próprio Filho!
(Jo 17:23)
Tão querido, muito
querido a Deus,
Eu não posso ser mais
querido;
O amor com o qual Ele
ama o Filho
Tal é o Seu amor para comigo!
Hinário The Little Flock nº 27 - Apêndice
Ter essa ligação com o
Pai e o Filho por meio da posse da vida eterna nos desconecta moralmente do
mundo – pois os dois são diametralmente opostos (cap. 2:15-16). O mundo não
conheceu a Cristo quando esteve aqui (Jo 1:10); os homens eram tão cegos que
achavam que Ele tinha um demônio! (Jo 8:48) E o mundo também não conhece os
filhos de Deus. João enfatiza isso, afirmando: “Por isso, o mundo não nos
conhece, porque não conhece a Ele”.
Isso significa que não podemos esperar que as pessoas deste mundo
entendam nossas fontes interiores e motivos para viver para Cristo e praticar a
justiça. Ser guiado e controlado pelas realidades celestiais invisíveis que
capturaram as afeições de nosso coração é um completo mistério para o homem do
mundo. Todas essas realidades estão ocultas para ele, pois a fonte da nossa
vida está “escondida com Cristo em Deus” (Cl 3:3).
V. 2 – João acrescenta:
“Amados, agora somos filhos [crianças – JND] de Deus, e ainda não é manifesto o que havemos de ser.
Mas sabemos que, quando Ele Se manifestar, seremos semelhantes a Ele; porque
assim como é O veremos”. Assim,
nosso relacionamento com Deus como Seus “filhos” não é algo pelo qual
estamos esperando – nós já o temos “agora”. Fisicamente, não parecemos nada
diferentes das pessoas deste mundo porque ainda estamos em nossos corpos de “humilhação”, que mostram os sinais de
envelhecimento, doença, dor, tristeza etc., como todos os da raça humana (Fp
3:21). Mas quando Cristo aparecer do céu para julgar este mundo em justiça (Sl
96:13; At 17:31), viremos com Ele (Zc 14:5; 1 Ts 3:13, 4:14; Jd 14; Ap. 19:14),
e seremos “semelhantes a Ele” em glória (Fp 3:21; Cl 3:4;
2 Ts 1:10). O mundo saberá então que somos filhos de Deus e que somos amados
pelo Pai! (Jo 17:23)
João diz que nossa
certeza desta realidade está no fato de que nós “O veremos como Ele é” (TB). Isso ocorrerá no Arrebatamento,
uns sete anos antes da Aparição de Cristo. Nota: ele não diz que vamos vê-Lo
como Ele era, mas como Ele é. Assim, vamos ver a Ele como um Homem
glorificado e, nesse momento, seremos transformados instantaneamente à Sua semelhança
em glória! O apóstolo Paulo disse: “Assim como trouxemos a imagem do terreno,
também traremos a imagem do celestial” (1 Co 15:49). Essa transformação
maravilhosa acontecerá “num momento, num abrir e fechar [num piscar – JND] de olhos, ao som
da última trombeta” (1 Co 15:52 – TB; 1 Ts 4:16). Que momento será
esse!
V. 3 – João continua
falando do efeito prático que essa esperança (de ver a Cristo como Ele é) tem
sobre os filhos de Deus. Ele diz: “E qualquer que n’Ele tem esta esperança
purifica-se a si mesmo, como também Ele é puro”. Assim, saber que em breve
vamos ser feitos como Cristo (moral e fisicamente) produz um exercício em nós
para ser moralmente como Ele agora, enquanto esperamos Sua vinda. Todo
verdadeiro crente que tem essa esperança diante d’Ele “purifica-se a si
mesmo”, removendo coisas de sua vida que são inconsistentes com a santidade
de Deus (2 Co 7:1; 1 Pe 1:15-16). O padrão ao qual nos dirigimos nesta
purificação prática de nossa vida é a própria pureza de Cristo – “como também
Ele é puro”. Ele “não conheceu pecado” (2 Co 5:21), Ele “não cometeu
pecado [não pecou – JND]” (1 Pe 2:22), e “n’Ele não há
pecado” (1 Jo 3:5). Nota: João não diz que nos purificamos como Cristo Se purificou,
porque Cristo nunca precisou de purificação – Ele é puro e não poderia ser mais
puro! Portanto, essa esperança, se entendida corretamente, tem um efeito
santificador no crente.