O Perigo de Interpretar o
Ministério de João Usando a Terminologia de Paulo
Outro problema que levou muitos a
entender mal o ministério de João foi tentar interpretar seus termos e
expressões usando os pensamentos de Paulo. Isto é, João poderá usar uma palavra
que Paulo usa, mas de uma maneira diferente; se isso não for levado em consideração,
entenderemos mal a passagem. Assim, vem o ditado muitas vezes repetido: “Não transfira
a terminologia de Paulo para o ministério de João”. Por exemplo, Paulo usa a
palavra “andar” para indicar a prática Cristã (Gl 5:16; Ef 4:1, 5:2,
8, 15, etc.); ele leva em consideração a possibilidade de que os Cristãos andem
mal, ao passo que João nunca considera assim. Ele vê todos os crentes como andando
na luz – quer estejam indo bem, em um bom estado, ou não. Eles podem virar as
costas para a luz e não viver de acordo com ela, e se o fizerem, a luz brilhará
em suas costas, porque os crentes estão sempre na luz. Assim, João não fala de como
andamos, mas de onde andamos.
Outro exemplo é o modo pelo qual os dois
apóstolos usam o termo “crianças” (JND). Em Gálatas 4:1-7, Paulo o usa
para indicar alguém que está no terreno do Velho Testamento; ele é
nascido de Deus, mas não é habitado pelo Espírito Santo. Enquanto João usa a
palavra para descrever um crente em terreno Cristão sendo habitado pelo
Espírito Santo (1 Jo 2:20, 28, 3:24, 4:13).
Outro exemplo é o modo pelo qual Paulo e
João usam a palavra “em” relacionada ao crente e ao Senhor. A frase
característica de Paulo “em Cristo” não deve ser equiparada a “n’Ele”
(em Ele) de João. Paulo está se referindo à posição de aceitação do Cristão
no próprio lugar em que Cristo está diante de Deus (Ef 2:6), enquanto João fala
da nossa conexão com Cristo em vida e comunhão (Jo 14:20, 15:4).