O Estilo Abstrato dos
Escritos de João
O apóstolo João escreve de uma maneira
única. A chave para entender suas declarações é ver que ele enxerga as coisas
abstratamente. J. N. Darby disse: “Se alguém não puder ver tais declarações
abstratamente, ele nunca as entenderá” (Notes and Jottings, pág. 36). F.
B. Hole definiu a palavra “abstrato” da seguinte forma: “Quando falamos
abstratamente, propositadamente eliminamos de nossas mentes e linguagem todas
as considerações qualificantes, a fim de que possamos mais claramente definir a
natureza essencial da coisa da qual falamos” ( Epistles, vol. 3, pág.
161). Assim, poderíamos dizer: “A cortiça flutua”. Ao afirmar isso, estamos
falando do que a cortiça faz caracteristicamente. Não estamos levando em
consideração que ela poderia ser afundada na água se amarrássemos algo pesado a
ela para mantê-la no fundo. Em condições normais, a cortiça flutua. Da mesma
forma, João fala de coisas em sua essência – isto é, como elas são
caracterizadas sem se referir a qualquer pessoa, coisa ou situação específica. Ele
examina as características da vida eterna por aquilo que normalmente a
caracteriza, não por aquilo que alguém faz com aquela vida que não é
característico dela. Devido a um estado precário, essas características podem
ser, às vezes, obscurecidas em nós, mas João não leva isso em consideração
quando vê as características dessa vida.
J. N. Darby disse: “Todas as declarações
de João são absolutas. Ele nunca as modifica trazendo dificuldades ou
obstáculos que possamos ter no corpo. “Aquele que é nascido de Deus”,
diz ele no capítulo 3, “não pratica pecado” (JND). Ele está falando ali de acordo com a própria essência da
natureza. A natureza divina não pode pecar. Não é uma questão de progresso ou
grau, mas ele não pode pecar porque ele é nascido de Deus. João sempre declara
isso em sua própria incondicionalidade, de acordo com a própria verdade.
Podemos falhar em mantê-la, mas o apóstolo não considera essas modificações,
mas somente a verdade em si” (Collected Writings, vol. 28, pág. 214).
Assim, João fala dos crentes como estando excelentemente ou idealmente – isto
é, o que eles são quando andam no poder do Espírito e no gozo da vida eterna.
Ele não os vê como sendo menos do que isso. Ele escreve sem meio termo na
discussão. É a luz ou as trevas, a vida ou a ausência de vida, amor ou ódio,
etc. Isso deve ser mantido em mente ao ler a epístola.