Três Testes para Detectar Falsos Mestres
João passa a dar três
testes pelos quais cada mestre pode ser verificado. Esses testes manifestarão
aqueles que são verdadeiros e exporão aqueles que são falsos, pois a doutrina
de um homem revelará qual espírito o está energizando. Nota: isso não é feito
por investigar as falsas doutrinas que estão em andamento na Cristandade. Tal
ocupação somente nos corromperá, e poderemos tropeçar no processo (Compare com Deuteronômio
12:29-32). Da mesma forma, não descobrimos se uma dúzia de garrafas contêm
veneno tomando um gole de cada uma delas!
Vs. 2-3 – O primeiro
e maior teste tem a ver com o que o mestre considera sobre a Pessoa de Cristo.
Como mencionado, é aqui que esses espíritos sedutores são expostos, pois não
conseguem falar bem de Cristo e exaltá-Lo (1 Co 12:3). João diz: “Nisto
conhecereis o Espírito de Deus: todo espírito que confessa que Jesus Cristo
veio em carne é de Deus”. Assim, a marca distinta do ministério que emana
do Espírito Santo é que Cristo será exaltado.
Confessar “que Jesus
Cristo veio em carne” é mais do que uma mera confissão de palavras de
nossos lábios; os demônios podem confessar Cristo como o Filho de Deus só de
lábios (Mt 8:29). A confissão de que João fala indica que a pessoa é sã em sua
doutrina sobre a Divindade de Cristo e Sua Humanidade perfeita. “Veio em carne” significa que Ele existia
antes de Sua encarnação e, portanto, é uma Pessoa eterna. A palavra “veio”
dá a entender que Ele estava em outro lugar antes de estar aqui neste mundo
como Homem (1 Tm 1:15, etc.). A Escritura ensina que Ele estava com o Pai no
céu antes de Sua encarnação (Jo 8:42, 13:3, 16:28). De fato, o evangelho de
João O retrata como O “Enviado” de Deus (Jo 3:17, 4:34, 5:23, etc.). “Veio em carne” é algo que não pode ser dito de
nós, pois não existíamos antes da nossa concepção e nascimento. No entanto, na
encarnação de Cristo, Ele tomou a humanidade em união com a Sua Pessoa e Se
tornou um Homem (Jo 1:14). Havia uma união das naturezas divina e humana que é
inescrutável para a mente humana (Mt 11:27). Vir “em carne”
indica que quando o Senhor Jesus Se tornou Homem, Ele não tinha a natureza caída
pecaminosa. “Carne”, sem o artigo definido “a” se refere à humanidade,
sem as implicações da natureza pecaminosa. O artigo “a” antes de “carne”
na versão King James não está no texto da tradução de J. N. Darby (nem nas ARC
e ARF). Isso ajuda a evitar qualquer conclusão de que o Senhor tenha participado
da natureza caída pecaminosa quando Se tornou um Homem. Ele tinha uma natureza
humana santa, não uma natureza humana caída (Lc 1:35).
João então apresenta o
lado oposto: “e todo espírito que não confessa que Jesus Cristo veio em
carne não é de Deus; mas este é o espírito [poder – JND] do
anticristo, do qual já ouvistes que há de vir, e eis que está já no mundo”.
Se um homem professar ser um Cristão, mas não acredita na divindade e/ou na
plena humanidade de Cristo, ele está dando uma indicação clara de que não é um
verdadeiro crente. Ele prega “outro Jesus” (2 Co 11:4). Isto é, o Jesus
que ele apresenta não é o mesmo Jesus que a
Bíblia apresenta. Portanto, a pergunta a ser feita, que revelará quem realmente
a pessoa é: “O que ele considera a respeito da Pessoa de Cristo?” Todos esses
ensinamentos falsos serão imediatamente expostos como sendo o “espírito [poder – JND] do anticristo” por este
simples teste.
Vs. 4-5 – O segundo
teste pelo qual todos os profetas e mestres podem ser verificados tem a ver com
como as pessoas perdidas e sem vida do mundo tratam a mensagem deles. João diz:
“Filhinhos, sois de Deus e já os tendes vencido, porque maior é o que está
em vós do que o que está no mundo. Do mundo são; por isso, falam do mundo, e o
mundo os ouve”. Os filhos de
Deus “vencem” esses mestres e suas falsas doutrinas por meio da
habitação do Espírito Santo. “Ele” (o Espírito) que, “em” nós está
é “maior” do que “ele (Satanás) que está no mundo”. João
já falou de como isso é feito no capítulo 2:20-27. A unção do Espírito nos dá
discernimento para saber que o que esses falsos mestres estão apresentando é falso
e, consequentemente, nós o rejeitamos, e assim somos preservados. Dessa forma,
somos vitoriosos sobre as artimanhas do inimigo.
Por outro lado, se os
ensinamentos desses homens são recebidos por pessoas religiosas deste mundo que
não são nascidos de Deus, é claro que sua mensagem é falsa. As coisas que eles
ensinam sob a bandeira do Cristianismo concordam com a perspectiva do homem
natural do mundo, porque elas são fundadas em princípios mundanos que as
pessoas mundanas entendem. Portanto, eles os recebem. Assim, algumas perguntas
simples revelarão tudo o que precisamos saber sobre esses falsos mestres – “Eles
são populares para o mundo? E os homens naturais do mundo recebem seu ensino?” Se
eles o fazem, então o que está sendo ensinado não pode ser a verdade de Deus,
porque “o homem natural não compreende [não recebe – JND] as coisas do Espírito de Deus, porque lhe
parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem
espiritualmente” (1 Co 2:14).
V. 6 – O terceiro
teste pelo qual todos os mestres podem ser verificados tem a ver com a posição
que eles assumem em relação aos ensinamentos dos apóstolos. João diz: “Nós
somos de Deus; aquele que conhece a Deus ouve-nos; aquele que não é de
Deus não nos ouve. Nisto conhecemos nós o espírito da verdade e o
espírito do erro”. O “nós” e o “nos” neste versículo se referem
aos apóstolos. João se inclui na voz coletiva deles. Eles são “de Deus”
e todo verdadeiro filho de Deus receberá seus ensinamentos como sendo aquilo
que vem de Deus. Essa, então, é uma referência pela qual todos os que professam
ensinar a verdade podem ser testados. A grande questão aqui é: “O ensino deles
coincide com o ensino dos apóstolos?”
Tendo em nossas mãos as
epístolas divinamente inspiradas do Novo Testamento, nas quais a doutrina dos
apóstolos é cuidadosamente revelada, podemos “julgar” a fonte de todo
ministério se é de Deus ou não (1 Co 10:15, 14:29). Temos que ter cuidado aqui
porque o inimigo (Satanás) é muito sutil. Seus falsos ministros usarão as
Escrituras para propagar seus erros, e poderemos ser enganados por suas
inteligentes interpretações equivocadas. É, portanto, importante ter “boa
doutrina”, sobre a qual temos “seguido plenamente” num estudo
minucioso de todos os assuntos bíblicos (1 Tm 4:6 – JND; 2 Tm 2:15).
Em conclusão, se o
Espírito de Deus verdadeiramente habita em uma pessoa, ela será saudável em sua
doutrina quanto à Pessoa de Cristo (vs. 2-3). Além disso, ela não será enganada
pelos ensinos anticristãos em virtude da unção do Espírito (vs. 4-5). E ela
ouvirá e receberá a doutrina dos apóstolos (v. 6).