AMOR DIVINO PROVADO POR VENCER O MUNDO (Cap.
5:4-5)
João passa a falar de uma última coisa
que é uma prova de que o amor de Deus habita no crente e que este é um
verdadeiro filho de Deus – quando esse amor, desfrutado na alma, livra o crente
do mundo e de suas atrações. João diz: “Porque todo o que é nascido de Deus
vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé. Quem é que
vence o mundo, senão aquele que crê que Jesus é o Filho de Deus?” (A
palavra “Porque” aqui conecta esses dois versículos com a passagem anterior
concernente ao amor de Deus).
Aprendemos com essa
passagem que a “vitória” sobre o mundo e seu poder de nos desviar de
fazer a vontade de Deus é efetuada por duas coisas: em primeiro lugar,
há o que Deus faz ao nos comunicar a vida divina por meio do novo nascimento.
Essa nova vida tem a capacidade de desfrutar de coisas divinas que são
infinitamente melhores que as coisas deste mundo. Em segundo lugar, há o
que nós devemos fazer, que é ter os olhos da nossa fé fixados em Cristo, o
Filho de Deus, o centro do mundo acima. Isso mostra que nossa vitória sobre o
mundo não é toda uma obra que Deus faz; nós também temos uma parte de responsabilidade
nela. Devemos participar com Ele nesta vitória.
Percebemos disto que
possuir a vida divina não é suficiente em si mesma para libertar uma pessoa do
mundo; essa vida precisa de um Objeto – “Jesus ... o Filho de Deus”. Quando a fé do crente se apodera da
cena acima, que o Senhor chamou: “o mundo vindouro e a ressurreição” (Lc
20:35), este mundo presente perde o seu charme. Tendo um Objeto mais brilhante
diante de nossas almas, as atrações desse pobre mundo perdem sua atração por
nós porque provamos algo incomparavelmente melhor.
Ó pompa e glória
mundana, seus encantos são difundidos em vão!
Eu ouvi uma história
mais doce! Eu encontrei algo muito mais vero!
Onde Cristo um lugar prepara,
lá é que está minha amada mansão;
Ali fitarei meu amado Jesus:
e habitarei com o Deus verdadeiro.
Hinário The Little Flock nº 16 - Apêndice
A “fé” de que
João fala aqui no versículo 4 não é fé para ser salvo da pena de nossos
pecados, mas fé para viver a vida Cristã (2 Co 5:7; Gl 2:20), que tem como seu
objetivo Cristo em glória (Fp 3:14). Também aprendemos com isso que a vitória
sobre o mundo não é conseguida por nos retirarmos da sociedade – ou seja, nos
isolando em um mosteiro. Isolamento não é a resposta. Também não é garantida
por imposições de leis e regras de conduta sobre nós mesmos, que são meras ferramentas
externas. Como João mostra aqui, é uma questão de o coração estar comprometido
com Cristo e com o amor de Deus. Quando a fé opera em nossas vidas e nós, por
meio da comunhão com as Pessoas divinas, desfrutamos das coisas celestiais, a
influência do mundo perde seu poder sobre nós, e ganhamos a vitória sobre ele,
afastando-nos dele.
O caminho de vitória de
Deus sobre o mundo pode ser visto na vida de Moisés. “Pela fé deixou o
Egito, não temendo a ira do rei; porque ele perseverou, como vendo aqu’Ele que
é invisível” (Hb 11:27 – JND). Sua fé apoderou-se daqu’Ele que é invisível,
considerado Seu vitupério como sendo “maiores riquezas ... do que os tesouros do Egito” (Hb
11:26), e assim, ele foi levado a se afastar do Egito (um tipo deste mundo).
Tendo algo diante dele que era maior do que qualquer coisa que o faraó tinha a
oferecer, a escolha de desistir do Egito e separar-se dele era simples.
Este princípio divino
pode ser usado para testar a profissão de um homem. Se o amor divino desfrutado
na alma liberta o crente do mundo, o inverso também será verdadeiro. Se uma
pessoa professa ser um filho de Deus, mas vive habitualmente na busca de coisas
mundanas e vive em princípios mundanos, é um forte indicador de que ele pode
não ser verdadeiro, mas um professante vazio.