domingo, 20 de outubro de 2019

APÊNDICE


APÊNDICE

Todas as versões da Bíblia em português não fazem qualquer distinção entre o caráter presente e o futuro da vida eterna como o fazem as versões de J. N. Darby e William Kelly.
Na tradução de J. N. Darby os versículos que se referem ao caráter presente (que traduzem como eterna vida) são: Mt 19:16, 29, 25:46; Mc 10:30; Lc 10:25, 18:30; Jo 3:15, 16, 36, 4:36, 5:24, 39, 6:27, 40, 47, 54, 68, 10:28; 12:25, 50, 17:2; Rm 2:7; 1 Tm 1:16; 1 Jo 2:20.
A tradução de William Kelly ainda acrescenta à lista acima quatro versículos (1 Jo 3:15, 5:11, 13, 20) que se referem ao caráter presente da vida eterna.
Os versículos seguintes se referem ao caráter futuro (que traduzem como vida eterna): Mc 10:17; Lc 18:18; Jo 4:14, 17:3; At 13:46, 48; Rm 5:21, 6:22, 23, Gl 6:8; 1 Tm 6:12; Tt 1:2, 3:7; 1 Jo 1:2; Jd 21.

Uma Doxologia do Louvor


Uma Doxologia do Louvor

Vs. 24-25 – Para encerrar, Judas encomenda os santos ao Senhor, que é capaz de nos guardar de tropeçar nas armadilhas do caminho e conclui com uma breve irrupção de louvor. Ele diz: “Ora, àqu’Ele que é poderoso para vos guardar de tropeçar e apresentar-vos irrepreensíveis, com alegria, perante a Sua glória, ao único Deus, Salvador nosso, por Jesus Cristo, nosso Senhor, seja glória e majestade, domínio e poder, antes de todos os séculos, agora e para todo o sempre. Amém!” Tendo “aqu’Ele que é poderoso” para nos impedir de “tropeçar”, não há razão para que não possamos viver nossas vidas Cristãs sem falhar – mesmo nestes tempos espiritualmente perigosos! (2 Tm 3:1) Independentemente de quão tenebroso e difícil é o dia, a graça do Senhor é suficiente para isso (Tg 4:6). Se rogarmos a Ele por ajuda, Ele nos livrará, por meio de Seu trabalho sacerdotal, de todo perigo no caminho (Hb 7:25). Embora vivamos em dias de fracasso geral, Ele pode nos apresentar “com exultação, imaculados diante da Sua glória (ARA). Esta é, de fato, uma palavra encorajadora!
Já que Ele é capaz de nos manter, se tropeçarmos no caminho e falharmos, só temos a nós mesmos para culpar. A versão King James diz: “vos guardar de que caia”, mas isso deve ser traduzido como “tropeçar”. “Cair” é um termo geralmente usado para apostasia (Lc 8:13; 2 Ts 2:3; Hb 6:6; Ap 8:10). Um crente pode tropeçar (Rm 14:21; 2 Co 11:29; 2 Pe 1:10; 1 Jo 2:10), ou cair de sua firmeza (2 Pe 3:17), mas ele não pode “se perder”.
Que contraste entre os corruptos apóstatas e os verdadeiros santos de Deus! Os apóstatas encontrarão o seu fim no julgamento, ao passo que os verdadeiros crentes têm o seu fim ao serem apresentados diante da presença da Sua glória com grande exultação! Não é de admirar que Judas termine com uma doxologia de louvor àqu’Ele que é digno.


ENVOLVIDOS EM SERVIÇO (vs. 22-23)


ENVOLVIDOS EM SERVIÇO (vs. 22-23)

Por último, devemos nos envolver em serviço ativo para o Senhor, alcançando aqueles que estão confusos e enredados nos erros da Cristandade. Judas diz: “E a alguns convença quando contendendo. A outros salve, tirando-os para fora do fogo. E de outros se compadeça com temor, odiando até a vestimenta manchada com a carne” (tradução de W. Kelly). O Sr. Kelly comentou: “Nossa versão – a chamada Autorizada [KJV[1]] – analisa apenas dois casos. ‘E de alguns tenhas compaixão, fazendo uma diferença’ – isso é uma classe; ‘e outros salvai com temor, puxando-os para fora do fogo; odiando até a vestimenta manchada pela carne’ – esta é a segunda classe. Ora creio que existem três classes, e não apenas duas” (Lectures on the Epistles of Jude, pág. 152).
As palavras de Judas aqui mostram que estender a mão para ajudar as pessoas requer discernimento, pois nem todos os casos são iguais. Em tempos de abandono da verdade, devemos distinguir entre os líderes e os liderados. Alguns são mestres obstinados e cabeças-duras; outros são meros seguidores que foram induzidos, pelos mestres errôneos, a tropeçar (Rm 16:17-18). Note também que há uma ordem moral nesta passagem. Só depois de Judas ter falado de ser edificado sobre a santíssima fé, orando no Espírito Santo, desfrutando do amor de Deus por meio da comunhão, e tendo a iminência da vinda do Senhor diante de nossas almas, que ele nos encoraja a estender a mão para ajudar os outros. Nossa eficácia em servir ao Senhor será grandemente prejudicada se essas outras coisas não estiverem no lugar apropriado em nossas vidas.
A primeira classe de pessoas são os líderes entrincheirados em suas doutrinas malignas. Não devemos tentar salvá-los, pois eles são apóstatas que não podem ser levados ao arrependimento e recuperados (Hb 6:4-6). Pelo contrário, devemos ‘convencê-los’ com a verdade. (Esta é a mesma palavra usada no versículo 15, tendo a ver com uma pessoa condenada sendo envergonhada, para que sua culpa seja evidente para todos). O Sr. Kelly apontou que a frase “fazendo uma diferença” (KJV) no versículo 22, deve ser traduzida “quando contendendo”. É claro que esses homens não querem a verdade; eles querem contender. A palavra usada no versículo 9, em conexão com o diabo, contendendo com Miguel o arcanjo, é a mesma palavra usada aqui. Portanto, esses adversários da verdade estão fazendo o trabalho de seu mestre!
A segunda classe de pessoas pode ser salva “tirando-as para fora do fogo”. Essas não são os enganadores, mas sim enganadas pelos enganadores. Elas foram enlaçadas inconscientemente nas más doutrinas e precisam ser libertadas dessas falsas noções. Sendo edificados sobre a santíssima fé e instruídos na verdade, como Judas impõe, devemos ser capazes de guiar essas pessoas para fora dessas doutrinas errôneas, se suas vontades não estiverem em ação. Nota: é “tirá-los”, não “empurrá-los” para fora da confusão espiritual e desordem que eles se meteram. Empurrando implica entrar na vala com eles, mas fazendo isso, podemos nos enredar no mal. Não, antes, devemos ficar separados da corrupção, permanecendo em terra firme e retirá-los. A salvação da qual Judas fala aqui não é a salvação eterna da alma; isso é algo que somente o Senhor pode fazer por meio de fé em Sua obra na cruz. Esta é uma salvação prática dos erros doutrinários na Cristandade (1 Tm 4:16).
A terceira classe são aquelas pessoas de quem Judas diz: “E de outros se compadeça” (tenha “compaixão”). Essas são pessoas que se tornaram tão corrompidas moral e espiritualmente que, ao alcançá-las, precisamos ser mais cuidadosos para não nos deixarmos contaminar pelas circunstâncias em que as encontramos. Por isso, Judas acrescenta: “Odiando até a vestimenta manchada com a carne” (JND). Uma “vestimenta” é algo que envolve uma pessoa quando está vestida dela e é usada figurativamente na Escritura para indicar as circunstâncias em que ela vive (Lv 13:47-59; Mc 10:50, etc.). Devemos odiar suas vestes porque suas circunstâncias são contaminantes. Assim, devemos amar a pessoa, mas odiar seus pecados – e esse ódio deve ser mantido em todos os momentos. Estando conscientes das situações contaminantes em que essas pessoas estão, devemos trabalhar com “temor” de nos tornarmos impuros por tal contato e, portanto, devemos proceder com cautela. Não é uma questão de tolerar o mal em que eles estão, mas estar ciente disso, e permanecer moralmente separado dele, enquanto procuramos libertá-los.




[1]  N. do T.: As versões em português também consideram apenas duas classes.

ESPERANDO A MISERICÓRDIA DE NOSSO SENHOR JESUS (v. 21b)


ESPERANDO A MISERICÓRDIA DE NOSSO SENHOR JESUS (v. 21b)

Em seguida, Judas aborda nossa expectativa, que deve ser para cima, para a vinda do Senhor (o Arrebatamento). Ele diz: “esperando a misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo, para a vida eterna”. A tendência nestes últimos dias é ocupar-se com as corrupções na Cristandade e no mundo, mas isso não é nosso foco. Lembremo-nos de que aqueles que estão ocupados com o fracasso se tornam um fracasso! A arca de Noé tinha uma janela “em cima”, da qual ele e sua família poderiam olhar. Isso fala de ter uma perspectiva celestial. A janela não estava no lado da arca. Se estivesse lá, eles poderiam estar ocupados com a cena da morte ao redor deles, e isso seria desalentador.
Este é o único lugar na Escritura onde a vinda do Senhor é mencionada como sendo uma “misericórdia”. Querer ser tirado deste mundo corrupto não é a principal razão para querer que o Senhor venha, mas que misericórdia será! A “vida eterna4  é vista aqui como estando no final de nosso caminho quando estivermos glorificados e em nossa esfera apropriada, onde a comunhão com o Pai e o Filho será nosso prazer sem distração.

CONSERVAI-VOS A VÓS MESMOS NO AMOR DE DEUS (v. 21a)


CONSERVAI-VOS A VÓS MESMOS NO AMOR DE DEUS (v. 21a)

Judas passa para outra coisa que deveríamos estar fazendo em vista da apostasia – devemos ser encontrados vivendo no gozo do amor de Deus. Ele não diz: “Continue a amar a Deus”. Ele também não diz: “Conservai Deus amando você”. Mas sim, “Conservai-vos no amor de Deus”. Ele não está falando de nosso amor por Deus, mas de Seu amor por nós! É como o Sol brilhando na rua; um lado dela pode estar na sombra e o outro lado na luz do Sol. De que lado andamos? Deus ama todos os Seus filhos igualmente, mas eles não desfrutam do Seu amor no mesmo grau. Nós nos mantemos no desfrute da luz do Sol do Seu amor, julgando a nós mesmos e mantendo nossa comunhão com Ele.

ORANDO NO ESPÍRITO SANTO (v. 20b)


ORANDO NO ESPÍRITO SANTO (v. 20b)

Conjuntamente ao estudo da Palavra de Deus, deve haver oração inteligente. Por isso, Judas acrescenta: “Orando no Espírito Santo”. Essas duas coisas andam juntas “como uma mão em uma luva” (Lc 10:39-11:13, etc.). Precisamos de um equilíbrio de ambos. Isso é importante porque estudar a Palavra de Deus sem oração pode levar ao legalismo, e a oração sem o estudo da Palavra pode levar ao fanatismo. Orar “no” Espírito é estar orando de acordo com a mente do Espírito. Isso vem do conhecimento da verdade e da comunhão pessoal com o Senhor.
Nota: Judas diz, orando no Espírito, não orando para o Espírito vir. Não haverá outro Pentecostes nem outro batismo do Espírito Santo. Portanto, não devemos procurar uma recuperação do testemunho público da Igreja. O Espírito de Deus veio e, como Ele habita agora na Igreja aqui na Terra, devemos andar no Espírito (Gl 5:16) e orar no Espírito (Ef 6:18).

EDIFICANDO-VOS SOBRE A VOSSA SANTÍSSIMA FÉ (v. 20a)


EDIFICANDO-VOS SOBRE A VOSSA SANTÍSSIMA FÉ (v. 20a)

Em seguida, Judas fala da necessidade de se edificar sobre o fundamento sólido da verdade. Ele diz: “Mas vós, amados, edificando-vos a vós mesmos sobre a vossa santíssima fé”. A “santíssima fé” é a revelação Cristã da verdade. Ela foi entregue aos santos pelos apóstolos (v. 3) e pode ser encontrada nas 21 epístolas do Novo Testamento. No entanto, ter a verdade entregue em nossas mãos é uma coisa e ser edificado sobre ela é outra. Podemos perguntar: “Como exatamente nos edificamos na santíssima fé?” O apóstolo Paulo responde isso, declarando: A “Palavra da Sua graça (as Escrituras), que tem poder para vos edificar e dar herança entre todos os que são santificados” (ARA). Assim, é por meio de uma profunda familiaridade com a Palavra de Deus (particularmente as epístolas). Vamos, portanto, nos envolver com a devida diligência nisso (1 Tm 4:6, 16; 2 Tm 2:15); isso nos impedirá de sermos “levados em roda por todo vento de doutrina” que vem junto (Ef 4:14). Que contraste isso é para o que vimos na primeira parte da epístola. Enquanto falsos mestres são vistos destruindo os fundamentos da fé nos corações daqueles que os ouvem, os verdadeiros crentes devem estar se edificando na santíssima fé.
Nota: Judas não diz: “Edifique a fé”. Isso implicaria que o depósito da verdade não é uma coisa completa e, portanto, há suplementos a serem adicionados – mas essa é uma noção falsa. O apóstolo Paulo disse que, com a revelação do Mistério, o depósito da verdade estava “completo” (Cl 1:25-27 – JND). Houve epístolas escritas por outros depois que Paulo disse isso, mas elas não acrescentam à verdade do Mistério.

LEMBRAI-VOS DAS PALAVRAS DOS APÓSTOLOS (vs. 17-19)


LEMBRAI-VOS DAS PALAVRAS DOS APÓSTOLOS (vs. 17-19)

Em primeiro lugar, Judas quer que lembremos do que os apóstolos disseram a respeito da ruína do testemunho Cristão. Ele diz: “Mas vós, amados, lembrai-vos das palavras que vos foram preditas pelos apóstolos de nosso Senhor Jesus Cristo, os quais vos diziam que, no último tempo, haveria escarnecedores que andariam segundo as suas ímpias concupiscências”. Deus previu a ruína e fez com que os apóstolos prevenissem os santos da vinda disso (At 20:29-31; 1 Tim 4:1; 2 Tm 3:1-9, 4:3-4; 2 Pe 2:1-2; 1 Jo 2:18-19, etc.). Não deveria, portanto, ser uma surpresa para nós. Fomos informados de tudo de antemão, de modo que, apesar de sofrermos com isso, não seríamos vencidos pelo desespero. O Senhor sabe que não poderíamos realizar as seguintes exortações que Judas dá com qualquer tipo de convicção se estivéssemos em um estado de espírito perturbado. A alma deve primeiro estar em repouso e sem perturbação – e é isso que o Senhor fez ao nos contar isso de antemão. Há algo reconfortante em saber que Ele sabe tudo sobre isso.
Por isso, ele nos diz que haverá “escarnecedores” que zombarão da verdade, e assim devemos nos preparar (2 Pe 3:3-4). J. N. Darby comentou sobre esse tipo de oposição ousada à verdade, afirmando: “A ignorância é geralmente confiante porque é ignorante” (Synopsis of the Books of the Bible, edição de Loizeaux, vol. 1, pág. 11). Assim, podemos esperar oposição, mas não devemos ficar desanimados com isso. Eles podem zombar da verdade, atacá-la e tentar prejudicá-la, mas isso não muda a verdade.
V. 19 – Judas diz que esses escarnecedores são os culpados de muitas das seitas e divisões que se desenvolveram na Cristandade. Ele diz: “Estes são os que fazem separações, homens naturais [anímicos[1]], não tendo o Espírito” (Trad. de W. Kelly). W. Kelly observou: “Eles se libertam da comunhão e formam algo novo que não tem a sanção da Palavra de Deus. Isso é o que, na Escritura, é chamado de heresia” (Lectures on the Epistle of Jude, pág. 142). Compare 2 Pedro 2:1. “Não tendo o Espírito” deixa claro que eles nunca foram salvos (Gl 3:2; Ef 1:13).


[1]  N. do T.: Anímico provém da palavra latina “anima” que significa aquilo que é relativo ou pertencente à alma. É traduzida como “natural” em 1 Co 2:14, como “animal” em 1 Co 15:44, 46; Tg 3:15 e “sensual” em Jd 19.

Conselho para o Remanescente dos Verdadeiros Crentes


Conselho para o Remanescente dos Verdadeiros Crentes

Vs. 17-25 – Sendo informado de todo esse mal no testemunho Cristão, podemos nos perguntar o que devemos fazer. Judas antecipa que esta questão estaria em nossas mentes, e assim, nesta última série de versículos, ele nos dá seu piedoso conselho. Ele mostra que a resposta é não desistir em desespero, nem é sair em reclusão para tentar nos proteger das más influências da apostasia. Note também que Judas não nos diz que devemos tentar endireitar a Cristandade desordenada. O Senhor não colocou essa “carga” sobre o Seu povo (Mt 13:27-30; Ap 2:24). Em vez disso, ele mostra que devemos continuar na graça que Deus provê, com os recursos que Ele nos deu, e esperar que o Senhor venha e nos leve para a casa do Pai acima.
Nesta última seção da epístola, Judas se dirige aos verdadeiros crentes em meio à massa professante sem vida, dizendo: “Mas vós, amados ... Ele os identifica com os pronomes de primeira e segunda pessoa: “vós”, “vos”, “vossa” e “nosso”. Suas palavras de graça e conforto são um verdadeiro encorajamento para nós. Elas são:

Cristandade Julgada em Três Etapas


Cristandade Julgada em Três Etapas

De fato, o julgamento da Cristandade será executado em três etapas:
A primeira, no Arrebatamento, o Senhor “vomitará” de Sua boca a massa meramente professante dos então chamados Cristãos, deixando-os para trás, na Terra, e assim Se desassociará formalmente deles (Ap 3:16).
A segunda, no meio da 70ª semana de Daniel, que será cerca de três anos e meio depois do Arrebatamento, no início da grande tribulação (Dn 9:27, 12:11; Mt 24:15-22), a besta, o líder da confederação ocidental das nações destruirá a grande prostituta (a Cristandade sob o controle do catolicismo) e, assim, porá um fim nas suas práticas idólatras. Isso será feito para abrir caminho para a adoração da besta e sua imagem por todos no Ocidente (Ap 17:16-17). A massa meramente professa abandonará sua profissão Cristã vazia e adorará a besta, que o homem do pecado (o anticristo) promoverá (2 Ts 2:3-4).
A terceira, após a grande tribulação, o Senhor aparecerá do céu para julgar os apóstatas que abandonaram a profissão do Cristianismo, tomando-os e lançando-os no lago de fogo (Ap 3:3). Esta última fase é sobre o que Enoque profetizou.

Fim da Cristandade Sob o Julgamento de Deus


Fim da Cristandade Sob o Julgamento de Deus

Vs. 14-16 – Judas então traz a profecia de Enoque para mostrar que o Senhor não permitirá que essa corrupção associada ao Seu nome (quanto ao testemunho) continue indefinidamente. Cristo intervirá em julgamento da maneira mais decidida. Assim, o testemunho Cristão não verá restauração, porém o seu fim será o julgamento. Ele diz: “E destes profetizou também Enoque, o sétimo depois de Adão, dizendo: Eis que é vindo o Senhor com milhares de Seus santos, para fazer juízo contra todos e condenar dentre eles todos os ímpios, por todas as suas obras de impiedade que impiamente cometeram e por todas as duras palavras que ímpios pecadores disseram contra Ele. Estes são murmuradores, queixosos da sua sorte, andando segundo as suas concupiscências, e cuja boca diz coisas mui arrogantes, admirando as pessoas por causa do interesse”. Se tivéssemos apenas o Velho Testamento, nunca teríamos conhecido essa primeira de todas as profecias, pois não há menção dela ali (Gn 5:21-23). Tudo o que saberíamos sobre Enoque é que era um homem que andava com Deus e que isso agradava a Deus, e que ele foi levado para o céu sem ver a morte (Hb 11:5). Mas desta epístola, aprendemos que ele também era um profeta. Judas identifica-o como “o sétimo (sétima geração) depois de Adão” para distingui-lo do ímpio Enoque na família de Caim (Gn 4:17-18).
Enoque proferiu essa profecia cerca de 4.500 anos atrás! O ponto central disso é a vinda do Senhor – Sua Aparição. Muitos outros profetas falaram deste evento também (Is 30:27-28; Zc 14:5; Mt 16:27, 24:27-30; 1 Ts 3:13, 4:14, 5:2; 2 Ts 1:7-9, 2:8; 2 Tm 4:1; Ap 1:7, 19:11-21). O que é tão solene em conexão com a vinda de Cristo para julgar a massa de apóstatas na Cristandade é que uma vez que a profissão Cristã tem sido privilegiada por ter a mais alta verdade confiada a ela (a verdade do Mistério), aqueles que apostatarem dela terão o maior julgamento! (Lc 12:46-48)
O Senhor ensinou que os falsos mestres que estiverem vivos na Terra quando Ele aparecer, serão levados pelos anjos e lançados vivos no lago de fogo! (Mt 13:37-42, 22:13, 24:37-41) Eles não serão mortos e, portanto, não comparecerão diante do grande trono branco, que é um julgamento dos mortos iníquos (Ap 20:11-15). Estes ficarão face a face com o Próprio Juiz quando Ele aparecer, e não necessitarão de mais exame ou prova de sua maldade. Seu olho, que tudo vê, viu todas as suas “obras” ímpias e Seus ouvidos ouviram suas “duras palavras”. Assim, não somente a verdadeira Igreja na Terra será tirada daqui no Arrebatamento sem ver a morte, mas a falsa igreja (aqueles que estiverem vivos em Sua Aparição) também serão tirados da Terra sem ver a morte física. Mas quão grande será a diferença – entre o céu e o inferno!
Judas usa a palavra “condenar [convencer – TB] aqui em conexão com o julgamento dessas pessoas ímpias. J. N. Darby diz que é uma palavra difícil (“elenko”) para traduzir (Jo 3:20 – nota de rodapé[1]). Tem o pensamento de reprovação por mostrar ou expor publicamente a falha de uma pessoa. W. E. Vine sugere que isso tem a ver com envergonhar a pessoa condenada. Tal será o caso neste julgamento. Esses apóstatas (os líderes religiosos em particular) têm falado coisas duras e injuriosas sobre Cristo e quanto à Sua Pessoa e Sua obra em seus ensinamentos teológicos, mas naquele dia, serão publicamente envergonhados e julgados da maneira mais humilhante – eles serão tomados pelos anjos como impostores e lançados vivos no inferno.
V. 16 – Esses homens (particularmente os líderes) são expostos como sendo dirigidos por motivações carnais e egoísmo. Eles falam “coisas mui arrogantes” de lisonja para afagar o ego de pessoas de riqueza e de alta posição na sociedade, com motivos de “interesse” pessoal (obter vantagens). Tal é o caminho do homem do mundo, mas tudo vai parar subitamente quando o Senhor intervier em julgamento.


[1]   N. do T.: A nota de rodapé “d” da tradução J. N. Darby em João 3:20, diz: “Elenko” para mostrar o verdadeiro caráter de algo, assim como convencer, e consequentemente, reprovar por mostrar a falha do homem. É usada em João 8:46 como “convence”; em João 16:8 como “trazer demonstração”; em Efésios 5:11, 13 como ‘reprovar e expor’.

O Caráter do Ministério dos Ministros Apóstata


O Caráter do Ministério dos Ministros Apóstatas

Vs. 12-13 – Não estamos dizendo que todo homem ou mulher que faz parte do clero é apóstata, pois a maioria é de verdadeiros crentes. No entanto, muitos estão sem vida. Judas aponta cinco semelhanças na natureza para descrever o caráter desses falsos ministros e seu ministério:
Em primeiro lugar, ele diz: “Estes são manchas [rochas submersas – ARA] em vossas festas de caridade, banqueteando-se convosco e apascentando-se a si mesmos sem temor”. Uma “mancha” é uma rocha submersa ou um banco de areia logo abaixo da superfície da água, que, se um veleiro bater nela, pode naufragar. Rochas que são cartografadas não são difíceis de evitar, mas bancos de areia escondidos podem ser desastrosos para os marinheiros. Essa primeira metáfora mostra que esses falsamente chamados ministros – embora ordenados por algum corpo religioso e tendo algum título de formação em divindade – fizeram com que muitos entrassem em “naufrágio” espiritual (1 Tm 1:19-20). O fato de Judas dizer: “banqueteando-se convosco, e apascentando-se a si mesmos sem temor”, mostra que eles ganharam a confiança da massa e são bem-vindos em muitos círculos.
Em segundo lugar, eles são como “nuvens sem água, levadas pelos ventos”. Isto é, prometem chuvas de bênçãos, mas não têm nada para refrescar a alma. Eles são levados “pelos ventos”, significando que seu ministério tem sido contaminado pelas falsas doutrinas que estão soprando na Cristandade (Ef 4:14).
Em terceiro lugar, eles “são como árvores murchas, infrutíferas, duas vezes mortas, desarraigadas”. Normalmente, o outono é a época em que a fruta é encontrada nas árvores, mas estas não têm nenhuma. Judas explica por que essas pessoas não dão frutos; são “duas vezes mortas”. Isso se refere a estar morto em ofensas e pecados (Ef 2:1, 5) e estar morto por apostasia (Ap 8:9-11). Todas essas árvores serão “desarraigadas” e lançadas no fogo do juízo de Deus (Mt 15:13).
Em quarto lugar, são “ondas impetuosas do mar”. Isso fala de sua insubmissão. Estando em um estado sem lei de alma, eles se recusam a ser controlados pela autoridade da Palavra de Deus. Pelo seu ensino eles, de fato, estão “espumando as suas próprias torpezas” (AIBB). É uma blasfêmia direta, e envolve dar desculpas pelo pecado, ao invés de ensinar a justiça. Não é que eles sintam sua vergonha, mas, mesmo assim, essas coisas são uma vergonha para eles (Fp 3:19).
Em quinto lugar, eles são “estrelas errantes, para os quais está eternamente reservada a negrura das trevas”. As estrelas têm sido procuradas por marinheiros para fins de navegação por milhares de anos. Elas falam dos líderes do povo de Deus que são responsáveis por fornecer luz espiritual e direção aos santos (Ap 1:20). Judas chama esses falsos ministros de estrelas “errantes”, porque uma estrela que sai de seu lugar apenas engana aqueles que a buscam para se orientarem. Esses são falsos guias. Sua falsa luz será em breve extinta na “negrura das trevas” eternamente.

6) CORÉ – Erro Eclesiástico (v. 11c)


6) CORÉ – Erro Eclesiástico (v. 11c)

Judas traz mais um exemplo do Velho Testamento para ilustrar outra coisa que marca a Cristandade – o erro eclesiástico. Isso é, um erro nas coisas referentes à doutrina e prática da Igreja. Judas expõe isso ao mencionar “a contradição (contestação) de Coré”. Coré e seu grupo de homens (Nm 16) queriam uma posição acima do povo que pertencia apenas a Moisés e Arão, que são um tipo duplo de Cristo, o Apóstolo e Sumo Sacerdote da nossa confissão (Hb 3:1). Não estando contentes com o lugar que Deus lhes havia dado como levitas, eles queriam um ofício de sua própria autoria, e sua insurreição contra a ordem de Deus naquela economia mosaica foi recebida com Seu desagrado e julgamento.
Os homens na Cristandade levantaram-se de maneira semelhante e introduziram o ofício do clérigo. Esta é uma posição na Igreja que é puramente uma invenção humana, pois a Palavra de Deus não fala sobre isso. Dá ao possuidor daquele ofício (seja homem ou mulher) um lugar distinto entre Deus e Seu povo. No entanto, Deus nunca pretendeu que deveria haver tal classe de pessoas presidindo uma congregação no Cristianismo. De fato, tal coisa é condenada em Sua Palavra (1 Pe 5:3). Esses homens são presunçosos nisso, frequentemente chamando o rebanho de Deus como sendo o rebanho deles próprios. Inflados por um senso de importância, eles negligenciaram a ordem de Deus para adoração e ministério Cristão nas epístolas e introduziram sua ordem feita pelo homem. Como resultado, o sistema do clero/leigos pode ser encontrado em graus variados na maioria das denominações da Cristandade, se não for em todas elas. Uma diferença entre Coré e seus homens e suas contrapartes na Cristandade é que os homens de Coré não chegaram a tomar posse, enquanto os clérigos na Cristandade têm funcionado nesse lugar criado pelo homem por mais de mil anos.

5) BALAÃO – A Comercialização do Cristianismo (v. 11b).


5) BALAÃO – A Comercialização do Cristianismo (v. 11b).

Judas diz que esses ímpios “se precipitaram no erro de Balaão” (ARA), que busca honra e glória na esfera das coisas divinas (Nm 22-24). O apóstolo Pedro fala do caminho de Balaão”, que era o amor de Balaão pelo “prêmio [recompensa – JND] da injustiça” (2 Pe 2:15). Assim, ele não era apenas um homem egoísta, mas também um homem cobiçoso que estava disposto a prostituir seu dom profético para obter riqueza, embora ele fizesse todos os esforços para que a coisa parecesse de outra maneira (Nm 22:18). Esses homens também ensinariam “a doutrina de Balaão”, que viria encorajar o mundanismo entre o povo de Deus (Ap 2:14).
Colocando essas três coisas juntas, temos uma imagem composta da Cristandade do seu lado que é movido pelo dinheiro e que busca glória. Os gananciosos procuraram transformar o Cristianismo em um negócio lucrativo, e tiveram sucesso nisso de muitas maneiras. Eles não veem nada de errado em servir no púlpito por salário, tirar dinheiro dos perdidos, etc. Muitos pregadores se tornaram incrivelmente ricos. O apóstolo Paulo denunciou isso, afirmando: “Pois não estamos, como muitos, mercadejando com a Palavra de Deus” (2 Co 2:17 – TB). W. T. P. Wolston salientou que, se dinheiro e entretenimento fossem retirados dos sistemas eclesiásticos da Cristandade, muitos deles entrariam em colapso. Ele disse que se o entretenimento fosse retirado, eles perderiam seu grande público, e se o dinheiro fosse retirado, eles perderiam muitos dos homens e mulheres no púlpito.

4) CAIM – Religião das obras sem sangue (v. 11a).


4) CAIM – Religião das obras sem sangue (v. 11a).

Caim é então apresentado para indicar outra característica da Cristandade apóstata – a religião sem derramamento de sangue. Judas diz: “Ai deles! Porque entraram pelo caminho de Caim”. O caminho de Caim é se aproximar de Deus com base em boas obras, em vez de com base em um sacrifício (Gn 4:3). Ele buscou aceitação com Deus no que ele havia realizado por meio do trabalho de suas mãos e, nesse terreno, sua oferta foi rejeitada. Isso mostra o quanto a Cristandade se degenerou, no que diz respeito ao conceito básico de como uma pessoa é considerada justa diante de Deus. Muitas denominações Cristãs questionam, e até rejeitam, a expiação vicária de Cristo. Sua obra consumada na cruz como sendo o único caminho de salvação pela fé (Jo 19:30) é substituída pela realização de boas obras para aceitação diante de Deus. A morte de Cristo é reduzida a ser um modelo de humildade, nada mais. Como resultado, as pessoas são intimadas a amar o próximo e fazer boas obras para a aceitação divina. Tal é um evangelho sem derramamento de sangue, que é realmente “outro evangelho” que não é de Deus (2 Co 11:4). É o caminho de Caim.

3) SODOMA E GOMORRA – Imoralidade (vs. 7-10).


3) SODOMA E GOMORRA – Imoralidade (vs. 7-10).

O descontentamento e a rebelião contra a ordem natural de Deus na criação terminarão em imoralidade. Sodoma e Gomorra são citadas para ilustrar esse mal (Gn 19). Judas diz: “assim como Sodoma, e Gomorra, e as cidades circunvizinhas, que, havendo-se corrompido como aqueles e ido após outra carne, foram postas por exemplo, sofrendo a pena do fogo eterno”. Judas se refere à homossexualidade deles por terem “ido após outra carne [carne estranha KJV]. A versão King James chama de “carne estranha” porque essa união profana é completamente estranha à ordem moral de Deus na criação. Seu ponto é que a Cristandade será marcada por ter aqueles que terão se entregado a esse tipo de pecado, mas, ao mesmo tempo, professarão ser Cristãos! Quão incrivelmente incongruente é associar tal pecado ao santo nome de Cristo! Isso não significa que toda pessoa estará envolvida em imoralidade, mas será tão predominante nas fileiras Cristãs nos últimos dias que as pessoas a tolerarão e até a defenderão. Hoje, muitos pastores da Igreja, embora não estejam pessoalmente envolvidos em imoralidade, permitem isso em suas igrejas, e até desculparão aqueles que estão assim engajados – até mesmo o pecado da homossexualidade!
Vs. 8-10 – Esses “sonhando, contaminam a sua carne” com suas práticas imorais. Esse pecado é descrito pelo apóstolo Paulo em Romanos 1. A diferença entre as duas passagens é que Paulo está falando dos pagãos fora da comunidade Cristã, enquanto Judas está falando daqueles que professam ser Cristãos. Essas pessoas dizem ser Cristãs!
Eles também “rejeitam a dominação [autoridade – AIBB]. Sendo rebeldes contra Deus, eles naturalmente se rebelam contra as instituições governamentais que são estabelecidas por Deus (Rm 13:1). Eles manifestam quando “vituperam as dignidades [difamam autoridades superiores – ARA]. Judas nos diz que isso é algo que o arcanjo Miguel não ousaria fazer – mesmo que fosse em relação ao nosso inimigo, o diabo! Isso mostra que o diabo, embora já caído, havia outrora sido de alta dignidade entre os anjos e, até que ele seja finalmente julgado por Deus, sua dignidade deve ser respeitada. Mesmo uma dignidade angélica tão alta como a do arcanjo Miguel, respeitava isso. Por isso, ele não se encarregou de repreender o diabo, mas deixou que o Senhor o fizesse, dizendo: “O Senhor te repreenda” (v. 9). Embora caído, Satanás ainda tem imenso poder. Devemos respeitar seu poder, mas não precisamos temê-lo. De fato, nos é dito: “resisti ao diabo, e ele fugirá de vós” (Tg 4:7). Mas em nenhum momento devemos trazer “juízo de maldição contra ele”.
O motivo de discórdia naquela ocasião foi o local de enterro de Moisés. O propósito de Satanás era provavelmente erigir um santuário em memória de Moisés e assim enlaçar o povo de Israel na idolatria (compare 2 Rs 18:4). Deus, portanto, conduziu um enterro secreto de seu corpo no “vale de Moabe” (Dt 34:5-6). (Nota: “arcanjo” está no singular; há apenas uma dessas criaturas. Da mesma forma, “diabo” na Escritura está sempre no singular. A versão King James (e a ARC em Dt 32:17), no entanto, ocasionalmente dirá “diabos”, mas deve ser traduzido como “demônios”. Há um diabo, mas muitos demônios).
Judas acrescenta: “Estes, porém, dizem mal do que não sabem; e, naquilo que naturalmente [por mera natureza – JND] conhecem, como animais irracionais, se corrompem” (v. 10). A palavra “por mera natureza” refere-se aos instintos animais. Isso mostra que essas pessoas moralmente corruptas deveriam conhecer melhor ao observar o reino animal (Jó 12:7), pois os animais não se rebaixam dessa maneira. Mas eles desconsideram o testemunho da natureza e se corrompem. Em resumo, seu mal é duplo: 
  • Em coisas espirituais, eles trazem “juízo de maldição” contra a verdade (v. 9).
  • Em coisas naturais eles “se corrompem” com práticas imorais (v. 10).


2) OS ANJOS CAÍDOS – Rebelião (v. 6).


2) OS ANJOS CAÍDOS – Rebelião (v. 6).

A incredulidade leva à rebelião; é disso que Judas trata a seguir. Para ilustrar isso, ele aponta para os anjos que pecaram na época do dilúvio. Ele diz: “e aos anjos que não guardaram o seu principado [seu estado original – ARA], mas deixaram a sua própria habitação, reservou na escuridão e em prisões eternas até ao juízo daquele grande dia”. Aqueles que ensinam sobre a Bíblia em geral acreditam que quando Satanás foi expulso do céu (Ez 28), houve outras criaturas angélicas que caíram com ele, porque depois disso lemos sobre “o diabo e seus anjos” (Mt 25:41). Este versículo em Judas não está se referindo a esse evento, mas ao que aconteceu na época do dilúvio. Alguns desses anjos caídos manifestaram descontentamento quanto ao seu estado como anjos e coabitaram com as filhas dos homens, na tentativa de criar uma espécie de raça superior de homens e anjos (Gn 6:1-4). O “estado original” (ARA) em que Deus os criou era assexuado; eles não procriavam (Lc 20:35-36). Mas sendo rebeldes e descontentes com seu estado como tal, eles “deixaram sua própria habitação” nos céus e desceram entre os homens para realizar seu plano maligno. Mas no dilúvio, Deus exterminou os gigantes e homens poderosos que tinham saído dessas uniões impuras, e tomou aqueles anjos maus e os colocou em “cadeias da escuridão”. Pedro chama esse lugar especial de confinamento no abismo “o poço mais profundo da escuridão” (2 Pe 2:4 – JND).
Alguns têm questionado se o versículo 6 está falando de uma segunda queda de anjos. J. N. Darby foi perguntado sobre isso da seguinte maneira: “Houve duas quedas de seres angélicos em dois momentos diferentes?” Ele respondeu: “Sua pergunta supõe duas quedas de anjos das quais as Escrituras não falam, embora seja muito possível” (Letters of J. N. Darby, vol. 2, pág. 447). Assim, tendo cuidado para não ir além do que é revelado na Escritura, geralmente se considera que esta passagem se refere a uma rebelião entre alguns dos anjos caídos. Deus os tirou da Terra e os confinou no abismo porque eram tão diabolicamente corruptos. Eles serão lançados no lago de fogo (Inferno) no grande dia do julgamento (Mt 25:41; Ap 20:10). O resto dos anjos caídos sob Satanás ainda estão soltos e praticam o mal hoje. Eles serão levados e confinados ao poço do abismo no começo do Milênio (Ap 20:1-3). Depois do Milênio, no grande dia do julgamento, o diabo e seus anjos serão lançados no lago de fogo.
Judas menciona esta rebelião entre os anjos caídos para nos mostrar o espírito das pessoas ímpias que será encontrado no testemunho Cristão em seus últimos dias. Elas ficarão descontentes com a ordem natural de Deus na criação e se rebelarão contra ela. Este espírito se manifesta de várias maneiras hoje, variando de: mulheres ensinando publicamente na casa de Deus (1 Tm 2:12), deixando de cobrir a cabeça (uso do véu), o significado dos papéis próprios dos homens e das mulheres (1 Co 11:2-16), a submissão de esposas aos seus maridos no lar (Ef 5:22-23), etc. Tal é o espírito que permeia a Cristandade hoje.

1) OS FILHOS DE ISRAEL – Incredulidade (v. 5).


1) OS FILHOS DE ISRAEL – Incredulidade (v. 5).

Toda apostasia começa com incredulidade – não ter fé pessoal no Senhor Jesus Cristo. Como um exemplo disso, Judas aponta para os incrédulos entre os filhos de Israel. Ele diz: “havendo o Senhor salvo um povo, tirando-o da terra do Egito, destruiu, depois, os que não creram” (Nm 14:28-35; Dt 2:14; 1 Co 10:5-10). Os filhos de Israel tinham sido fisicamente “salvos” pelo Senhor em uma libertação exterior do exército de Faraó no Mar Vermelho (Êx 14:30-31), mas ter essa salvação temporal não significava que eles eram nascidos de Deus. Muitos não eram, e eles manifestaram sua incredulidade quando testados no deserto e, consequentemente, Deus os “destruiu”. Essas pessoas haviam sido batizadas em Moisés no mar (1 Co 10:1-2) e estavam em um relacionamento de aliança com o Senhor (Hb 9:19-21), e assim estavam em uma favorável posição de privilégio. Mas estas eram coisas exteriores; eles precisavam de um trabalho interior de fé em suas almas para apresentarem aqueles sinais exteriores de favor – mas era exatamente isso que lhes faltava.
Esta é a coisa mais importante que caracteriza a Cristandade. Ser batizado e/ou ter feito algum tipo de profissão de fé, coloca a massa de Cristãos professos em uma posição de proximidade exterior a Deus. No entanto, eles carecem de fé pessoal e salvadora da alma no Senhor Jesus Cristo (At 16:31, 20:21; Ef 2:8). Assim como os filhos de Israel que caíram sob o julgamento de Deus no deserto, eles também terão seu fim sob o julgamento de Deus.

Seis Exemplos do Velho Testamento que Retratam o Mal que Caracterizaria a Apostasia na Cristandade


Seis Exemplos do Velho Testamento que Retratam o Mal que Caracterizaria a Apostasia na Cristandade

Vs. 5-16 – Esses homens ímpios que se introduziram na profissão Cristã são identificados nesta próxima série de versículos por vários pronomes de terceira pessoa: “aqueles”, “estes”, “deles”, “os quais”, “suas”, “os tais” (ARA). Eles se colocam em contraste com os verdadeiros crentes que Judas abordará nos versículos 17-25. Para designar aqueles santos, ele usa os pronomes de primeira e segunda pessoa: “vos”, “vós” “vossa” e “nosso”. Eles constituem um remanescente de verdadeiros crentes em meio à massa de ímpios, crentes meramente professos.
Nesta passagem, Judas descreve o estado decaído do testemunho Cristão usando seis exemplos do Velho Testamento. Assim, ele começa com: “Mas quero lembrar-vos, como a quem já uma vez soube isto” (v. 5). Isso mostra que ele assumia que eles estavam familiarizados com as Escrituras do Velho Testamento.

Um Mal Duplo


Um Mal Duplo

V. 4 – Judas prossegue explicando por que batalhar pela fé é tão importante – muitos enganadores haviam furtivamente se introduzido na profissão Cristã e estavam corrompendo as pessoas com suas más doutrinas e práticas. Ele diz: “Porque se introduziram furtivamente certos homens, que já desde há muito estavam destinados para este juízo [sentença – TB], homens ímpios, que convertem em dissolução a graça de nosso Deus, e negam o nosso único Soberano e Senhor, Jesus Cristo” (AIBB). Esses homens ímpios tinham um conhecimento mental da verdade, mas seus caminhos não estavam de acordo com ela. Eles haviam se introduzido “furtivamente” entre os santos, fazendo uma profissão exterior de fé, mas eram charlatães. Simão o mágico foi o primeiro falso mestre a se infiltrar, mas ele foi exposto por Pedro e João e rejeitado (At 8). Estes a quem Judas fala entraram se arrastando sem serem detectados, e permaneceram entre os santos, fazendo o seu trabalho maligno.
A versão King James diz que eles foram “destinados para esta condenação”, mas o texto deve ser lido “marcados de antemão para esta sentença” (JND). Deus não predestina as pessoas para condenação; ninguém é predestinado para o inferno. O que Judas está dizendo aqui é que Deus sabia de antemão quem eram essas pessoas e fez com que os apóstolos e profetas prevenissem os santos de que eles surgiriam, e para nos dizer que o fim deles seria a condenação. Portanto, estando prevenidos da presença deles, não devemos nos surpreender ao vê-los trabalhando na Cristandade. Suas sementes de impiedade têm um duplo caráter: 
  • O abuso da graça.
  • A negação dos direitos de Cristo, o Mestre deles. 

“Converter em dissolução [libertinagem – ARA] a graça de nosso Deus” é mudar a verdade da liberdade Cristã em liberdade para a carne (Gl 5:13). Esses homens pervertem a verdade da libertação do pecado (Rm 6:18) em liberdade para pecar! H. Smith disse: “O grande princípio pelo qual Deus está salvando os homens do pecado e ensinando-os a viver sobriamente, é usado por esses homens ímpios para satisfazer a carne e seus desejos, ao mesmo tempo mantendo uma profissão aceitável e movendo-se no círculo Cristão” (The Epistle of Jude, pág. 5).
“Negam o nosso único Mestre e Senhor Jesus Cristo” (TB) não é necessariamente que negam o Seu nome exteriormente, mas recusam-se a se submeter à Sua autoridade sobre eles na prática – enquanto ao mesmo tempo afirmam que a praticam! Ele é “Mestre” deles em virtude de Sua aquisição na cruz (Mt 13:44; Hb 2:9; 2 Pe 2:1), mas Ele não é Senhor e Salvador deles. Eles negam o Seu direito de governar sobre eles, rebaixando-O, na doutrina que sustentam, ao nível de si mesmos. Assim, a doutrina deles despoja o Senhor de Sua divindade, Sua humanidade sem pecado e Seus atributos divinos, fazendo-O como qualquer outro homem (Sl 50:21). O resultado prático de suas noções errôneas é não se submeterem à Sua autoridade.

A Necessidade de Batalhar pela Fé


A Necessidade de Batalhar pela Fé

V. 3 – Estava no coração de Judas escrever sobre o assunto da salvação que é a possessão comum de todos os Cristãos, mas o Espírito Santo o obrigou a exortar os santos a batalhar pela verdade que estava sendo minada por homens perversos. Ele diz: “Amados, procurando eu escrever-vos com toda a diligência acerca da comum salvação, tive por necessidade escrever-vos e exortar-vos a batalhar pela fé que uma vez [que de uma vez para sempre – AIBB] foi dada aos santos”. “A fé” à qual Judas se refere aqui é a revelação da verdade Cristã. Normalmente, quando a palavra “fé” é usada na Escritura sem o artigo definido “a” precedendo-a, está falando da energia interior da alma em confiança em Deus (Ef 2:8, etc.). Mas quando “fé” é usada com o artigo, como aqui em nosso texto (“batalhar pela fé”), está se referindo ao precioso depósito da verdade que Deus nos deu – o corpo do conhecimento Cristão.
A exortação simples, mas importante, de Judas é que precisamos nos manter firmes pela verdade, sem comprometê-la. Como Sama, defendendo o campo das lentilhas contra os filisteus (2 Sm 23:11-12), não devemos desistir de um pingo sequer da verdade para o inimigo. Não devemos renunciá-la ou vendê-la (Pv 23:23), mas guardá-la, como Paulo exortou a Timóteo: “Guarda o bom depósito pelo Espírito Santo que habita em nós” (2 Tm 1:14).
Devemos batalhar “diligentemente” (ARA) pela fé, primeiro conhecendo a verdade e depois caminhando nela. Não podemos defender a verdade se não dedicarmos nosso tempo para aprendê-la. Alguns têm grande devoção de coração a Cristo, e isso é louvável, mas, infelizmente, carecem de instrução na verdade. Consequentemente, ao desejarem ser fiéis, eles às vezes se apegam ao erro ignorantemente e o defendem com valentia, achando que é a verdade. Mas esse tipo de energia mal dirigida só aumenta a confusão no testemunho Cristão (Veja João 16:2). Portanto, devemos dar a devida diligência para aprender a verdade (1 Tm 4:6; 2 Tm 2:15) e buscar a graça de Deus para andar nela (3 Jo 3).
Batalhar diligentemente pela fé não é ficar discutindo pela causa da verdade. Existe algo como fazer a coisa certa da maneira errada. Estar certo em algum ponto da verdade não torna o litígio e a contenda aceitáveis. Paulo avisou Timóteo sobre isso, afirmando que não deveria haver “contendas de palavras, que para nada aproveitam” (2 Tm 2:14). Como já mencionamos, devemos guardar o bom depósito da verdade “pelo Espírito Santo” (2 Tm 1:14). Isto é, devemos agir no Espírito, não na carne, ao manter a verdade. Uma coisa é batalhar e outra bem diferente é ser contencioso. “E ao servo do Senhor não convém contender, mas, sim, ser manso para com todos” (2 Tm 2:24). Assim, não é suficiente sustentar a verdade; nosso comportamento deve complementar a verdade que professamos (Fp 1:27).
Judas diz que a fé foi “uma vez” entregue aos santos. Isso significa que a verdade foi dada de uma vez para sempre; a entrega está completa. Portanto, não há mais verdade a ser revelada ou acrescentada. Os falsos mestres gostam de dizer que há mais verdade a ser revelada, e que é isso o que eles têm – mas essa noção errônea apenas abre a porta para doutrinas falsas. Com base no que Judas diz aqui, se alguém vier até nós com algo novo, devemos saber imediatamente que sua nova ideia não pode ser a verdade, porque toda a verdade já foi dada.[1]
Nota: a verdade foi “dada”, não foi descoberta por buscar nas Escrituras do Velho Testamento. Isso ocorre porque a revelação Cristã da verdade não está no Velho Testamento. Foi revelada aos apóstolos e profetas pelo Espírito Santo (1 Co 2:10; Ef 3:5) e comunicada por eles aos santos no poder do Espírito (1 Co 2:10-13).
Além disso, o corpo do conhecimento Cristão foi entregue “aos santos”. Ele não foi dado aos apóstolos, mas pelos apóstolos aos santos. Assim, os apóstolos eram apenas os canais; os santos são os terminais da verdade. O termo “santos” refere-se a toda a companhia Cristã; inclui os irmãos e as irmãs. Isso mostra que todos somos os guardiões da verdade. É responsabilidade de todo santo conhecer a verdade e andar nela, e lutar também por ela. Alguns têm a ideia de que batalhar pela fé é um trabalho que pertence àqueles que são mestres, mas na verdade é um privilégio e responsabilidade de todos os santos. Uma irmã pode dizer: “Deixo tudo isso para meu marido e os irmãos na reunião”. Mas essa ideia não tem o apoio da Escritura, pois, como Judas mostra aqui em seu uso da palavra “santos”, as irmãs devem estar envolvidas em manter a verdade também. O que é tão louvável sobre os de Bereia é que havia entre eles muitas mulheres honradas que examinavam as Escrituras; não era algo que apenas os homens faziam (At 17:11-12). De fato, deixar a defesa da fé para algumas pessoas “qualificadas”, ou mestres dotados, contribuiu para a perda da verdade como é evidente na história da Igreja. O catolicismo romano levou essa ideia ao extremo; ensina que as Escrituras devem ser deixadas nas mãos do clero e guardadas em mosteiros. Assim, ao fazê-lo, eles realmente tiraram as Escrituras (a verdade) das mãos dos santos!


[1]  N. do T.: Tem sido dito entre os irmãos: “Se é algo novo, não é verdade; se é verdade, não é algo novo”.

A Saudação


A Saudação

Vs. 1-2 – Judas se apresenta como “Judas, servo [escravo – JND] de Jesus Cristo e irmão de Tiago”. Nem ele nem seu irmão faziam parte do grupo apostólico que seguia o Senhor nos dias de Seu ministério terrestre. Eles eram meios-irmãos do Senhor (Mt 13:55), mas eram incrédulos naqueles dias (Mc 3:21; Jo 7:5). Tiago foi convertido no tempo em que o Senhor ressuscitou dos mortos (1 Co 15:7) e Judas provavelmente foi convertido em torno desse tempo também. Quando o Senhor terminou Suas aparições depois de ressuscitado, todos os Seus irmãos eram crentes e estavam entre os santos no cenáculo em Jerusalém esperando pela vinda do Espírito Santo (At 1:14).
“Tiago”, a quem Judas se refere aqui, não é Tiago, filho de Zebedeu (Mt 4:21); ele foi morto por Herodes bem cedo na história da Igreja (At 12:1-2). Nem ele é o filho de Alfeu (Mt 10:3),  que também é chamado de Tiago o menor (Mc 15:40). Esse Tiago tornou-se líder na assembleia em Jerusalém (At 12:17, 15:13, 21:18; Gl 1:19). “Judas” não é o Judas que supostamente foi enviado pelo Senhor com Judas Iscariotes (Lc 6:16). Nem Judas, nem Tiago eram apóstolos. (Veja W. Kelly, Lectures on the Epistle of Jude, págs. 10-11.) Podemos nos perguntar por que Judas não teria se apresentado como sendo o irmão do Senhor. Ele absteve-se de fazer isso porque estava agindo de acordo com o princípio Cristão: “Assim que, daqui por diante, a ninguém conhecemos segundo a carne; e, ainda que também tenhamos conhecido Cristo segundo a carne, contudo, agora, já O não conhecemos desse modo” (2 Co 5:16). Além disso, apresentar-se como o irmão do Senhor poderia ter parecido orgulhoso e estar buscando honra para si mesmo.
Aqueles a quem Judas escreve são os “chamados” – os que foram chamados e salvos pelo evangelho. Eles são um remanescente de verdadeiros crentes em meio à massa de pessoas meramente professas. Ele os vê de um modo duplo: “amados em Deus Pai” (ARA) e “guardados em Jesus Cristo” (ARA). (A palavra “queridos” na ARC deve ser “amados”). Sabendo que esta é uma verdade reconfortante para dar descanso em tempos de abandono. Os verdadeiros santos de Deus são os objetos especiais do Seu amor, e apesar do movimento de apostasia ganhar força na Cristandade, todos eles serão preservados até o fim. Estamos eternamente seguros e, portanto, preservados por aqu’Ele que nos chamou e salvou. Judas termina sua epístola com esse mesmo pensamento oportuno no versículo 24. Isso não significa que os verdadeiros crentes não possam ser afetados pela apostasia. Enquanto um verdadeiro crente não se apostata da fé, ele pode ser influenciado pela corrente da apostasia e começar a desistir de certos princípios e práticas que uma vez sustentou. O único remédio para isso é se manter perto do Senhor (Dt 33:12).
V. 2 – Judas acrescenta: “Misericórdia, paz e amor, vos sejam multiplicados” (AIBB). Esse é o suprimento de graça de Deus para nos ajudar a prosseguir no caminho Cristão. Portanto, uma provisão abundante foi feita para os santos nestes últimos tempos.

O que é Apostasia?


O que é Apostasia?

Existem duas maneiras de se afastar para longe de Deus; ambas são ruins, mas uma é infinitamente pior. Estas são: queda e apostasia.
Um verdadeiro crente pode se desviar (se afastar do caminho com o Senhor) se não tiver o cuidado de manter a comunhão com Ele. Pedro é um exemplo. Ele tropeçou no caminho da fé por meio do pecado e acabou negando o Senhor, mas ele foi restaurado mais tarde por meio do trabalho do Senhor como Advogado.
A apostasia é diferente; é uma renúncia voluntária da fé Cristã na qual uma vez professou acreditar. É algo que somente um crente meramente professo, que nunca nasceu de novo, faria. Um verdadeiro crente pode se afastar da comunhão com Deus e se distanciar do Senhor, mas ele não abandonará a fé. Apostasia não é uma questão de negar o Senhor sob a pressão da perseguição; é uma decidida renúncia da fé.
A apostasia é uma coisa muito solene, pois uma vez que uma pessoa apostata, não há esperança de retorno em arrependimento. A Escritura diz que é “impossível” que sejam “outra vez renovados para arrependimento” (Hb 6:4-6). Assim, todos esses são condenados, mesmo que ainda estejam vivos neste mundo! Judas Iscariotes é um exemplo; ele era um discípulo do Senhor, mas nunca nasceu de Deus (Jo 6:70). Pedro retornou ao Senhor, mas Judas nunca voltou. As seguintes passagens referem-se aos apóstatas: Mt 7:21-23, 12:43-45, 13:5-7, 20-22; Mc 3:28-30; Jo 15:2, 6; At 1:25; Rm 11:22; 1 Co 9:27, 10:12; Hb 2:1-4, 3:7-15, 6:4-6, 10:26-31, 12:12-29; 2 Pe 2:1, 20-21; Jd 4-16; Ap 8:8-12.
Muitos Cristãos não sabem a diferença entre queda e apostasia, e confundindo essas duas coisas, foram levados a conclusões erradas – uma delas é que os crentes podem perder a salvação eterna de suas almas, o que não é verdade. Por isso, é importante entender a diferença.
Judas mostra que as sementes da apostasia foram semeadas muito cedo na história da Igreja (v. 4). Ela culminará com a massa na profissão Cristã, abandonando o Cristianismo e seguindo o homem do pecado na adoração da imagem da besta (2 Ts 2:3-4; Ap 13:11-18). Não há tempo na história do testemunho Cristão quando as palavras de Judas têm sido mais aplicáveis do que nos dias de hoje em que vivemos.

A EPÍSTOLA DE JUDAS - INTRODUÇÃO


A EPÍSTOLA DE JUDAS

INTRODUÇÃO

O encargo de Judas é expor a apostasia na profissão Cristã (vs. 4-13) e pronunciar seu fim sob o julgamento de Deus (vs. 14-16), e também encorajar os santos a continuar no caminho da fé com os recursos que Deus deu para tais tempos de abandono (vs. 17-25). Assim, seu propósito é duplo: primeiro, expor o caráter dos homens e o mal que eles trariam à profissão Cristã, e segundo, prover direção e encorajamento para os santos em meio à crescente massa de apóstatas. Visto que Deus não quer que sejamos ocupados com o mal, é uma epístola curta e concisa.
Existem muitas semelhanças entre 2 Pedro e Judas, mas elas não são redundantes. Ambas se referem ao trabalho de homens perversos que vieram entre os Cristãos. Ambas descrevem as terríveis condições da Cristandade nos últimos dias e dão orientação ao crente que vive nesses tempos difíceis. E ambas citam exemplos de falhas no Velho Testamento – dos anjos que pecaram, de Sodoma e Gomorra, de Balaão etc. J. N. Darby ressaltou que a principal diferença é que 2 Pedro fala de pecado, enquanto Judas fala de apostasia. Além disso, 2 Pedro tem a ver com a introdução de doutrinas errôneas, enquanto Judas tem a ver com a renúncia da sã doutrina (Synopsis of the Books of the Bible, edição de Loizeaux, vol. 5, pág. 547).

Saudações de Encerramento


Saudações de Encerramento

Vs. 13-14 – João tinha mais a dizer, mas achou que seria melhor deixar para uma visita pessoal que ele planejava fazer “em breve”. Suas saudações finais indicam que ele ansiava por comunhão Cristã – não somente com Gaio, mas com todos “os amigos” que estavam lá. Ele encerra com: “Saúda os amigos pelos seus nomes”. Isso não incluiria Diótrefes; ele era um crente, mas não amigo de João, nem da verdade. O Senhor definiu o que era um verdadeiro amigo – alguém que fazia tudo o que Ele ordenava (Jo 15:14).

Demétrio


Demétrio

V. 12 – João então aponta para Demétrio como o exemplo que devemos seguir. Ele diz: “De Demétrio todos, e a própria verdade, dão testemunho; nós também damos testemunho, e sabes que o nosso testemunho é verdadeiro” (TB). Ter um bom testemunho de “todos” os homens é muito admirável. Isso, necessariamente, incluiria Diótrefes, não incluiria? Não é que Diótrefes teria aprovado Demétrio – a única pessoa que ele aprovou foi a si próprio! É que Demétrio se comportou de tal maneira que Diótrefes não conseguiu encontrar nada contra ele. O fato de que Demétrio não só teve um bom testemunho entre todos os homens, mas também da “própria verdade”, significa que ele não comprometeu qualquer parte da verdade em viver diante do tirano. Ele se recusou a ser bajulado ou amedrontado de fazer o que ele acreditava que o Senhor queria que fizesse. Ele não iria embora e nem lutaria. Ele continuou calmamente com o Senhor, e isso recebeu a aprovação do apóstolo. Ele é nosso modelo nessas situações. A lição aqui é que devemos enfrentar uma pessoa como Diótrefes com o espírito de Demétrio, enquanto esperamos que o Senhor intervenha.

Os Males que Marcaram Diótrefes


Os Males que Marcaram Diótrefes

  • Importância própria; ele amou ter a preeminência.
  • Ele desprezou a autoridade apostólica ao suprimir uma carta do apóstolo João aos irmãos.
  • Ele injustamente acusou João e aqueles que trabalharam com ele com palavras maliciosas.
  • Ele se opôs ao testemunho ativo no evangelho recusando-se a ajudar aqueles que haviam saído para trabalhar em palavra e doutrina.
  • Ele impediu aqueles que procuravam receber os obreiros itinerantes.
  • Ele sozinho excomungou irmãos que se interpuseram em seu caminho.

Podemos nos perguntar por que João não disse a Gaio para reunir os irmãos e enfrentar o homem e colocá-lo sob disciplina. Nos dias anteriores, quando as coisas na casa de Deus estavam mais em ordem, isso teria sido feito, mas as condições eram tais naquela assembleia que não havia poder moral para fazê-lo. Todos os que se levantaram contra Diótrefes viram-se excomungados da assembleia – e estando fora dela, eles não podiam mais ser uma ajuda na assembleia. Assim, ter um confronto não é a resposta; tais conflitos resultam apenas em mais vítimas. Portanto, João não diz a Gaio para lutar contra Diótrefes. Lutar contra um homem carnal pode resultar em elevar nossa carne, e não podemos lidar com a carne por meio da carne. Isso seria como tentar apagar um incêndio com um balde de gasolina! Nem João diz a Gaio para sair e encontrar outra assembleia em outra localidade. Tal ação não manifesta um genuíno amor e cuidado pelo rebanho. O Senhor disse que um “mercenário” deixará o rebanho quando os tempos ficarem difíceis, porque ele “não se importa com as ovelhas” (Zc 11:17; Jo 10:12-13 – AIBB). Deixar a congregação não é a resposta.
João prometeu vir “em breve” (v. 14 – ARA) para lidar com Diótrefes com um julgamento apostólico, pois ele, como Paulo (1 Co 4:21; 2 Co 1:23), tinha autoridade apostólica do Senhor e podia exercitar o julgamento em uma assembleia – se a necessidade o exigisse. Se João realmente chegou lá ou não, não sabemos; ele era um homem muito idoso na época, mas com essa promessa em mãos, Gaio e os irmãos esperariam a vinda de João. A lição que devemos tirar disso é que, quando as condições existem onde não há poder moral deixado na assembleia para lidar com pessoas como Diótrefes, devemos nos entregar ao Senhor e esperar que Ele intervenha. Não podemos, é claro, esperar que um apóstolo venha e resolva as coisas para nós, porque não há apóstolos na Terra hoje. Mas o Senhor pode vir providencialmente e lidar com a situação (1 Co 11:30; 2 Tm 4:14; 1 Jo 5:16) – quando nos humilharmos quanto ao nosso fraco estado que permitiu que, em primeiro lugar, tais coisas se desenvolvessem. Vemos isso nos discursos do Senhor para as sete igrejas. Quando o anjo da igreja (os líderes responsáveis) em Tiatira não tratou ou não podia tratar com Jezabel, o Senhor (sendo Filho sobre a casa de Deus – Hb 3:6) prometeu intervir e julgá-la e aos seus filhos (Ap 2:22-23).
V. 11 – Assim, Gaio e os irmãos não deveriam cair em desânimo diante das más ações de Diótrefes, mas esperar que o Senhor interviesse, seja pela vinda de João ou pelo tratamento direto do Senhor com ele. Enquanto isso, eles deveriam vencer “o mal com o bem” (Rm 12:21). João diz: “Amado, não sigas [imites – JND] o mal, mas o bem”. No contexto da situação enfrentada por Gaio e os irmãos, encontrar Diótrefes nos mesmos princípios sobre os quais ele agia seria seguir o mal. Toda essa ação não teria a bênção do Senhor. João desejou que os santos continuassem com suas boas obras, mesmo que isso fosse muito para o desgosto de Diótrefes.
No típico estilo abstrato de João, ele resume as coisas em absolutos – isto é, o que caracteriza aqueles que são verdadeiros e aqueles que são falsos. Ele diz: “Quem faz bem é de Deus; mas quem faz mal não tem visto a Deus”.

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