Os Gnósticos
Além de querer que os santos fossem
felizes, devotos e saudáveis (espiritualmente), o Espírito de Deus tinha outro
motivo para levar João a escrever a epístola. Naquele dia, muitos mestres anticristãos
haviam se levantado, que professavam ser filhos de Deus, mas negavam a verdade
do Pai e do Filho (2:18-26, 4:1-6). Para ajudar os santos a conhecer aqueles
que eram verdadeiros crentes e os que não eram, João foi levado a apresentar os
traços característicos da vida eterna, pelos quais todas as falsas pretensões à
posse daquela vida poderiam ser detectadas. Isso forneceria aos santos um
padrão pronto pelo qual eles poderiam testar toda a profissão.
Este movimento divergente de
ensinamentos anticristãos surgiu entre as assembleias no final do primeiro
século e atormentou a Igreja por aproximadamente 200 anos com suas doutrinas
errôneas. Foi o começo do que se tornaria conhecido como gnosticismo. Gnóstico
significa “conhecer”. (Inversamente,
agnóstico significa “não conhecer”).
Esses falsos mestres afirmavam que o que os apóstolos entregaram à Igreja era
introdutório e elementar, mas o que eles tinham era conhecimento superior. No
entanto, o que eles realmente propunham era blasfêmia! Alguns deles (os cerintianos[1])
negavam a deidade de Cristo. O apóstolo João refutou esse erro com o seu
evangelho, mostrando que o Senhor tem todos os atributos da deidade. Outra
seita (o docetismo[2])
negava a encarnação de Cristo e, assim, ensinava que Ele não era um Homem real.
João refutou esse erro em suas epístolas. Sob o pretexto de avançar na verdade,
esses falsos mestres se afastaram dela! Por isso, o ministério de João tem
grande valor prático na defesa contra aqueles que professam conhecer a Deus,
mas negam certos aspectos da verdade da Pessoa de Cristo.
[1] N. do T.: Cerintiano: que pertence a uma seita
de hereges, a mais antiga das seitas gnósticas, palavra derivada de Cerinto, o
fundador desta seita no primeiro século d.C. A tradição Cristã antiga descreve
Cerinto como um contemporâneo e oponente do apóstolo João, o Evangelista, que
escreveu a Primeira Epístola de João e a Segunda Epístola de João para avisar
aos menos amadurecidos na fé e doutrina sobre as mudanças que ele estava
fazendo nos evangelhos originais.
[2] N. do T.: Doutrina gnóstica do
século II, segundo a qual o corpo de Cristo não era real, porém só aparente, ou
que negava que Ele tivesse realmente nascido de Maria. O docetismo acreditava
que Jesus Cristo era algo ilusório, logo, este apesar de ter uma aparência
humana, não possuía carne e nem sangue.