“Conhecer” e “Conhecido”
Outra coisa que marca essa epístola é o
uso frequente das palavras “conhecer” e “conhecido”. Elas ocorrem
cerca de 40 vezes. Ele enfatiza essas palavras para contrabalançar as alegações
dos falsos mestres de ter conhecimento superior ao dos apóstolos. Usando estas
palavras ele acentua o que sabemos por meio das revelações da verdade que nos
foi dada por meio dos apóstolos e do que nos foi assegurado por meio da
comunhão com o Pai e o Filho.
Existem duas palavras principais no
texto grego que são traduzidas como “conhecer” – “ginosko” e “oida”.
João usa ambas em suas epístolas, e é instrutivo entender quando e como ele o faz,
como veremos a seguir no capítulo 5 (Somos gratos pelas notas de rodapé da
Tradução J. N. Darby que indicam qual palavra é usada em uma passagem em
particular. Veja sua longa nota[1]
sobre o uso dessas palavras em 1 Co 8:1). “Ginosko” se refere ao
conhecimento objetivo derivado de fatos sobre algo ou alguém; “Oida” é
um conhecimento consciente interno de algo ou alguém adquirido por meio de um
relacionamento íntimo e pessoal e de uma comunhão. As duas palavras são usadas
pelo Senhor em João 8:55 e servem para ilustrar a diferença entre elas. Em
relação ao conhecimento do Pai, Ele disse aos fariseus incrédulos: “Vós não O
conheceis (ginosko); mas Eu conheço-O (oida)”. Assim, os fariseus não tinham
entendimento de Deus Pai, mas o Senhor vivia em comunhão pessoal e íntima com
Ele e, portanto, tinha um conhecimento profundo e pleno do Pai.
[1]
N.
do T.: Nota de Rodapé “a” em 1
Coríntios 8:1 da tradução de JND: “Duas palavras gregas são usadas para ‘conhecer’
no Novo Testamento – ‘ginosko’ e ‘oida’. Ginosko significa conhecimento objetivo, aquilo que um homem aprendeu
ou adquiriu. A expressão ‘estar familiarizado com’ talvez transmita o
significado. Oida transmite o
pensamento daquilo que é interior, a consciência interior da mente,
conhecimento intuitivo não diretamente derivado do que é externo.
A
diferença entre as duas palavras é ilustrada em João 8:55: “E vós não O conheceis (ginosko), mas Eu conheço-O (oida)”; em João 13:7: “O que Eu faço não o sabes (oida) tu agora, mas tu o saberás (ginosko) depois”; e em Hebreus 8:11: “E não ensinará ... dizendo: conhece (ginosko) o Senhor; porque todos Me conhecerão (oida)”.
A
palavra oida é usada em relação a
Cristo como conhecendo o Pai e como conhecendo a hipocrisia dos escribas e
fariseus, e em relação ao conhecimento de Paulo de “um homem em Cristo” e ao conhecimento do Cristão de que tem a vida
eterna+. “porque eu sei em
Quem tenho crido” 2 Tm 1:12 – Eu tenho o conhecimento consciente interno de
Quem a Pessoa é: veja também 1 Coríntios. 16:15; 2 Tim. 3:14 e 15 – todas elas
se referem ao conhecimento consciente interno.
A
diferença entre o significado das duas palavras é muitas vezes tênue e um
conhecimento objetivo pode se tornar um conhecimento consciente, mas não o
contrário.
A
palavra grega para consciência é derivada de oida: ver 1 Co 4:4 – ARA: “Porque
de nada me argui [culpa] a consciência”, isto é, não consciente
de qualquer falha. Na passagem atual, “sabemos
que o ídolo nada é” é um conhecimento consciente: “sabemos que todos temos ciência [conhecimento]” e “a ciência [o conhecimento] incha” é
conhecimento objetivo. “se alguém cuida
saber (conhecimento consciente)
alguma coisa, ainda não sabe (objetivamente) como convém saber (objetivamente)”. “Esse é conhecido (objetivamente) d’Ele”, e assim “conhecimento” em 1 Co
8:10”.